"Normalidade" no primeiro dia de uso obrigatório de máscara em Espanha

Os espanhóis estão a cumprir a obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços públicos, que entrou em vigor hoje, com as forças policiais a registarem até ao momento uma situação de "normalidade" e "sem ocorrências".

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Lusa
21/05/2020 17:15 ‧ 21/05/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

A avaliação foi feita por fonte do Ministério do Interior à agência EFE a meio do dia, o primeiro em que todos os cidadãos a partir dos seis anos são obrigados a usar máscara, inclusivamente em espaços abertos sempre que não seja possível respeitar uma distância de segurança de dois metros.

O desrespeito pela ordem pode acarretar sanções, mas as autoridades asseguram que, nestes primeiros dias, a atitude das forças policiais será sobretudo de chamar a atenção para o uso deste tipo de equipamento de proteção individual.

As máscaras devem ser usadas em todos os transportes públicos e, nos particulares, sempre que transportem pelo menos duas pessoas que não vivam na mesma casa.

A lei prevê exceções para as pessoas em que o uso de máscara seja contraindicado por razões de saúde, para as que saem para fazer corrida ou andar de bicicleta, ou na ingestão de comida ou bebida.

A Comunidade de Madrid, que com Barcelona é a zona de Espanha mais atingida pela pandemia provocada pelo novo coronavírus, distribuiu 6,5 milhões de máscaras por quase 3.000 farmácias da região para serem disponibilizadas gratuitamente aos cidadãos.

Mas a Federação de Famílias Numerosas já pediu ao Governo medidas de apoio face ao "gasto extraordinário" que representa a compra de máscaras descartáveis para uma família de cinco ou mais membros.

Tomando como referência o preço máximo das máscaras cirúrgicas, 96 cêntimos, a Federação salienta que o gasto mensal para uma família de quatro elementos ascende a 210 euros, valor "que dispara" nas famílias numerosas.

Em Madrid, segundo a AFP, a entrada em vigor da nova regra não implicou grandes mudanças, uma vez que a maioria das pessoas já usava máscara, voluntariamente, desde que a população pôde voltar a sair à rua para passear.

Carlos Garcia, um bancário de Madrid de 23 anos ouvido pela agência AP, considerou as novas regras positivas, mas lamentou que a obrigatoriedade não tenha sido decidida antes.

"Tem sido muito confuso, um dia dizem que sim, outro que não. Acho que estão a ser lentos nisto, como em tantas outras coisas", disse.

Miguel Domingo, um arquiteto de 49 anos ouvido pela agência AFP no bairro de Chueca de Madrid quando passeava dois cães, opinou que o uso de máscara é "uma questão de responsabilidade".

"Se toda a gente tivesse tido responsabilidade e um pouco de bom senso" desde o início, considerou, o vírus "não se tinha propagado como um rastilho de pólvora por toda a Europa".

"Dá-me um sentimento de segurança", admitiu por seu lado Cristina Quevedo Jorquera, professora de 47 anos, acrescentando que, mesmo sendo possível ser contaminado usando máscara, "não a usar seria como atirar-se à agua sem saber nadar".

"É verdade que não é confortável, que está calor, mas é uma medida que faz sentido porque há muitas pessoas na rua e pode muito bem haver pessoas que têm covid-19 e não sabem", defendeu Marta Ranz, ouvida pela AFP no bairro madrileno de Salamanca.

Mãe de três crianças, Marta Renz disse que os filhos por vezes "não querem sair para não terem de pôr a máscara e porque não podem tocar nas coisas nem andar nos baloiços".

A filha Marcela, de 8 anos, confirma: "Faz-me calor e incomoda-me quando corro, porque fico sem ar e é muito irritante".

Espanha é um dos países do mundo mais atingido pela pandemia de covid-19, com 27.940 mortos em mais de 233 mil casos, mas o número diário de mortes e casos tem vindo a descer progressivamente, registando hoje 48 mortes, o número mais baixo desde que foi decretado o estado de emergência, a 15 de março.

Surgido em dezembro na China, o SARS-CoV-2 já infetou 5 milhões de pessoas em todo o mundo e fez mais de 328 mil mortos, segundo um balanço de hoje da agência AFP.

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