A morte ocorreu na noite de segunda-feira, na cidade de Minneapolis, no seguimento de uma disputa com os polícias. O incidente foi captado em vídeo pelos transeuntes e difundido nas redes sociais e mostra a vítima mortal pedir ajuda por várias vezes e a reclamar que não conseguia respirar.
"Durante cinco minutos vemos como um agente branco apertou o joelho no pescoço de um homem negro. Cinco minutos. Quando se ouve alguém a pedir socorro, supomos que é preciso ajudá-lo. Este agente falhou no sentido humano mais básico. O que aconteceu foi simplesmente horrível", afirmou o presidente da Câmara de Minneapolis, Jacob Frey, em conferência de imprensa.
O chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, presente nessa mesma conferência, afirmou haver "políticas em vigor para colocar alguém sob controlo" e que uma "completa investigação interna" vai ser feita para apurar o que aconteceu e como essas políticas foram aplicadas.
No vídeo ouve-se o homem a queixar-se de que lhe dói o pescoço, a implorar por água e a dizer ao agente repetidamente que não consegue respirar. Ouve-se também a voz de uma mulher que diz que a vítima está a sangrar do nariz e outro transeunte a insultar o agente, exclamando que o homem não estava a resistir à detenção e acusando o polícia de "estar a gostar".
Os polícias foram chamados por volta das 20:00 locais (14:00 em Lisboa) de segunda-feira para investigar uma denúncia de falsificação num negócio, segundo o porta-voz da polícia, John Elder. Os agentes encontraram o homem, que acreditam estar na casa dos 40 anos, correspondente à descrição do suspeito, dentro do carro.
"Foi ordenado a sair do carro. Depois de sair, ele resistiu fisicamente aos polícias. Os agentes conseguiram algemá-lo e notaram que ele parecia estar a sofrer de problemas médicos", prosseguiu Elder.
O homem, ainda não identificado, foi levado de ambulância para o Centro Médico do Condado de Hennepin onde morreu pouco depois, segundo a polícia. O nome do polícia visto a ajoelhar-se no seu pescoço não foi ainda divulgado.
O Departamento de Apreensão Criminal do Minnesota (BCA) juntou-se ao Departamento Federal de Investigação (FBI) no inquérito.
Todas as imagens das câmaras usadas no corpo dos polícias foram entregues ao BCA, que investiga a maior parte dos tiroteios policiais e mortes sob custódia. Os agentes envolvidos foram colocados em baixa administrativa remunerada, de acordo com o protocolo do departamento.
Em declarações ao jornal Star Tribune, a ativista Nekima Levy-Armstrong disse que ver as imagens partilhadas nas redes sociais a deixou "enojada" e que este era mais um exemplo de brutalidade policial contra os afro-americanos.
"O que quer que o homem possa ter feito, não deveria ter acabado numa sentença de morte. O que começou como um alegado incidente económico terminou novamente na morte de um homem negro", apontou.
Nos últimos anos, a polícia de Minneapolis tem estado sob escrutínio por conflitos mortais com os cidadãos.
Um homem negro de 24 anos, Jamar Clark, foi baleado na cabeça e morreu, em 2015, após um confronto com dois polícias brancos que responderam a uma agressão relatada.
Um procurador do condado recusou acusar os agentes, dizendo que Clark estava a lutar por uma das armas do agente quando foi atingido.
Uma mulher branca, Justine Rusczcyk Damon, morreu em 2017, quando foi atingida no estômago por um polícia que respondeu a uma chamada de emergência. O agente, negro, foi condenado por homicídio e está a cumprir uma pena de 12 anos.