"As autoridades do Quénia estão potencialmente a facilitar a transmissão do vírus da covid-19 ao obrigarem dezenas de milhares de pessoas a uma quarentena forçada em instalações que não têm condições apropriadas de alimentação, equipamento de proteção e saúde", lê-se num comunicado hoje divulgado pela Organização Não-Governamental (ONG).
No texto, a HRW dá ainda conta de que as autoridades deste país africano "também mantiveram multidões na área de chegadas do aeroporto de Nairobi por mais de quatro horas sem distanciamento social, medidas de higienização ou água, além de terem metido pessoas em autocarros apinhados e com pouca ventilação e, nas instalações de quarentena, não aplicaram as medidas definidas pelo Ministério da Saúde".
As autoridades, diz o investigador da HRW Otsieno Namwaya, "estão a expor as pessoas a um risco de infeção em instalações mal equipadas e mal geridas e apesar dos relatos credíveis das pessoas sobre experiências traumatizantes na quarentena compulsiva, as condições não melhoraram".
Entre meados de abril e de maio, os investigadores da HRW falaram com 26 pessoas, três médicos e uma enfermeira que estavam na linha da frente.
"As pessoas entrevistadas descreveram as fracas condições das instalações da quarentena, incluindo falta de camas, água, comida e equipamento de limpeza, incluindo sabão e detergentes, e disseram que não foram informadas sobre o resultado dos testes e que os funcionários não aderiram aos protocolos do próprio Governo, como o uso de máscaras ou outro material de proteção, para garantir que as pessoas em quarentena não eram expostas ao vírus", conclui-se no comunicado de imprensa.
A pandemia do novo coronavírus já matou 352.494 pessoas e infetou mais de 5,6 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 19:00 GMT de quarta-feira, baseado em dados oficiais dos países.
O número de mortos em África pela covid-19 aumentou para 3.696 nas últimas 24 horas, mais 107, em mais de 124 mil casos de infeção em 54 países, de acordo com dados sobre a pandemia naquele continente.