"Foram levados 60 cadáveres para o hospital desde ontem [terça-feira] à noite", disse na quarta-feira uma enfermeira do Hospital Sabon Birni General, citada pela agência France-Presse, referindo que também tinha recebido "muitos feridos com balas".
"Todos os mortos foram baleados e a maioria deles levou um tiro na cabeça, deixando-os com poucas hipóteses de sobrevivência", relatou outra médica daquele hospital, também sob condição de anonimato.
Dezenas de pistoleiros chegaram de moto a várias aldeias do distrito de Sabon Birni por volta das 20:00 (19:00 TMG) e abriram fogo sobre as casas, onde vivem pequenos agricultores e criadores de gado, disse à agência noticiosa um chefe tradicional local.
"Os 'bandidos' mataram 16 pessoas em Garki, 13 em Dan Aduwa, 22 em Kuzari, sete em Katuma e duas em Masawa. Isso faz 60 pessoas", acrescentou, sob anonimato, por medo de represálias, por parte das autoridades.
Nenhum organismo oficial comentou o ataque, mas fontes de segurança contactadas pela agência francesa garantiram que a polícia local iria realizar uma conferência de imprensa.
Sabon Birni, a 175 quilómetros da capital do estado de Sokoto, foi, recentemente, alvo de numerosos ataques, e ainda na segunda-feira 18 pessoas foram mortas em incursões coordenadas em cinco outras aldeias do distrito, de acordo com fontes locais.
Há muitos anos que o noroeste da Nigéria é palco de atuação de grupos criminosos, que aterrorizam a população e cometem ataques contra civis para roubar gado ou terras e praticam raptos de pessoas em troca de resgates.
A violência matou cerca de 8.000 pessoas desde 2011 e deixou cerca de 200.000 civis deslocados, segundo estimativas dos investigadores do International Crisis Group (ICG).
Embora até agora estes grupos não tenham atuado sob qualquer influência ideológica, o ICG manifestou recentemente a sua preocupação pelo facto de o noroeste da Nigéria estar a tornar-se uma "ponte" entre os vários movimentos 'jihadistas' na região do Sahel e do Lago Chade.
O exército nigeriano está a realizar ataques aéreos na região noroeste desde a semana passada e já anunciou que matou centenas de combatentes.
Em alguns estados, as autoridades tentaram realizar conversações de paz entre civis organizados em milícias de autodefesa e 'bandidos', mas até agora nenhuma estratégia conseguiu travar a espiral de violência.