Morreu Abderrahmane Youssoufi, antigo primeiro-ministro de Marrocos

O ex-primeiro-ministro Abderrahmane Youssoufi, uma das grandes figuras da vida política de Marrocos e designado em 1998 pelo rei Hassan II para dirigir um "governo de alternância" morreu aos 96 anos, anunciou hoje a agência oficial MAP.

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Lusa
29/05/2020 16:34 ‧ 29/05/2020 por Lusa

Mundo

Óbito

Dirigente socialista e militante histórico do nacionalismo marroquino pelo seu envolvimento pela independência do país e de seguida contra o regime do rei Hassan II durante os "anos de chumbo", foi o único chefe da oposição do mundo árabe que participou num governo de coligação empenhado em reformas políticas e sociais, após anos de luta e de exílio.

Primeiro-ministro entre 1998 e 2002, um período de transição entre o reinado de Hassan II e de seu filho Mohammed VI, Youssoufi foi hospitalizado domingo numa clínica de Casablanca onde foi admitido em reanimação, segundo a MAP.

A sua retirada da vida política em 2003 foi interpretada como a comprovação do falhanço da transição para uma monarquia parlamentar, uma promessa da dinastia alauita.

Desde então remeteu-se ao silêncio até à publicação das suas memórias, na primavera de 2018.

O seu "Relato do passado" ("Récit du passe") evoca designadamente o desaparecimento não esclarecido do seu companheiro de luta Mehdi Ben Barca, um opositor histórico de Hassan II sequestrado em Paris em 20 de outubro de 1965, aos 45 anos, e cujo corpo nunca foi encontrado.

Natural de Tanger, onde nasceu em 08 de março de 1924, Youssoufi aderiu ao movimento independentista quando era estudante em Rabat. Advogado de formação, assumiu em 1992 a liderança da União Socialista das Forças Populares (USFP) após ter militado durante anos neste partido de esquerda.

Na liderança da USFP, envolveu-se numa longa negociação com Hassan II para virar a página do passado, obtendo em 1994, entre várias medidas, uma amnistia geral para todos os presos e exilados políticos.

Abderrahmane Youssoufi também foi detido por duas vezes durante os "anos de chumbo", em 1960 e 1963, e libertado em 1964 antes de optar pelo exílio.

Os seus anos em França, entre 1965 e 1981, foram marcados pelo envolvimento político no partido que fundou com Mehdi Ben Barca e pela sua participação na criação da Organização Árabe dos Direitos Humanos, uma organização não-governamental que na ocasião instalou a sua sede no Cairo.

 

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