As palavras do ministro do Planeamento, Asad Umar, são um alerta para os paquistaneses que o Governo acusa de estarem a ignorar as medidas de contenção impostas, para travar a pandemia de covid-19.
Até ao momento, o Paquistão registou quase 140.000 casos de contaminação com o novo coronavírus e quase 2.700 mortes.
As autoridades intensificaram os testes, que continuam limitados, e os observadores dizem que os números reais da epidemia devem sempre muito superiores aos oficiais.
"Os especialistas estimam que o número de casos confirmados deve chegar a 300.000 até o final de junho, se continuarmos a desrespeitar as regras básicas de comportamento e a enfrentar o problema de ânimo leve", disse Umar, que faz parte do gabinete governamental de coordenação de resposta à pandemia.
"Estamos preocupados com a possibilidade de o número de casos confirmados ultrapassar 1,2 milhão até ao final do próximo mês", acrescentou em Islamabad à imprensa.
Depois de permanecer abaixo dos níveis de contaminação dos países ocidentais, o Paquistão e outros países do sul da Ásia começam a sentir um aumento no número de doentes com covid-19.
O surto no Paquistão ocorre após inúmeras violações das restrições de viagens, impostas pelo Governo durante o mês do Ramadão, quando os cidadãos se reuniram em mesquitas e mercados, sem máscaras ou luvas.
Desde o surgimento da pandemia no Paquistão, em março, o primeiro-ministro, Imran Khan, opôs-se ao confinamento nacional aplicado por muitos outros países, alegando que a paupérrima situação económica dos paquistaneses não o poderia suportar.
Umar reconhece agora que zonas de forte contaminação, como Lahore, devem ser sujeitas a confinamentos pontuais, que permitam às autoridades rastrear os doentes e limitar o seu contacto com o resto da população.
O município de Islamabad já confinou um bairro, depois de confirmar 200 casos num dia, na sexta-feira.
Os hospitais paquistaneses têm informado de estão com a capacidade plena, ou quase plena, tendo já rejeitado aceitar mais doentes com covid-19.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 430 mil mortos e infetou mais de 7,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.