"Apesar da grande preocupação do Governo em proteger a população através do confinamento, vimos, desgraçadamente, falta de valorização dos cidadãos ao não observarem as regras ditadas" pela comissão de luta contra a covid-19, afirmou Teodoro Obiang.
Numa mensagem, divulgada na segunda-feira, para assinalar o levantamento do estado de emergência e o aliviar das medidas de contenção após quatro meses, Teodoro Obiang considerou que o executivo "nunca deixou de cumprir as suas responsabilidades de proteger a população", prolongando "tantas vezes" as medidas de emergência sanitária.
Desde segunda-feira, a Guiné Equatorial levantou o estado de emergência sanitária em todo o país, com o fim do confinamento obrigatório e das restrições de mobilidade entre a capital Malabo e Bata, na parte continental do país, cidades onde se regista a maioria dos casos.
Os restantes distritos terão a mobilidade limitada às suas áreas.
Todos os estabelecimentos públicos passarão a estar abertos e é instituído o uso obrigatório de máscaras de forma generalizada (espaços abertos, serviços públicos, transportes públicos e em veículos privados com mais de uma pessoa).
Na altura do levantamento das medidas de restrição, o chefe de Estado alertou para a "espada de dois gumes" que representa o fim do estado de emergência.
"Este levantamento do estado de emergência é uma espada de dois gumes que a população deve saber manejar porque o incumprimento das normas pode causar uma propagação massiva da pandemia com consequências nefastas em termos de perda de vidas", disse.
"A partir de agora, o Governo não obrigará nenhum cidadão ao confinamento, mas cabe aos cidadãos isolarem-se para não serem infetados. A responsabilidade e segurança das nossas vidas está nas nossas mãos", acrescentou.
Teodoro Obiang, que desde o início do estado de emergência tem estado confinado em casa, adiantou que as medidas de luta contra a pandemia foram levantadas porque "o povo se sente asfixiado pelo confinamento e pela severa depressão económica".
"A nossa economia atingirá um valor negativo este ano e este facto deve-se fundamentalmente ao efeito da covid-19, juntamente com a queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Esta situação irá, sem dúvida, deteriorar a nossa capacidade de gerar riqueza, de criar emprego e de financiar o Orçamento Geral do Estado", disse Obiang.
Por outro lado, acrescentou, o levantamento ocorre agora porque "foi possível abastecer o sistema nacional de saúde de equipamentos modernos e sofisticados" para tratar os doentes críticos.
"O Governo comprou muito equipamento e material sanitário para enfrentar os casos de contágio pelo do novo coronavírus, razão pela qual vos convido a ter confiança nos hospitais de Malabo e Bata como os recursos mais fiáveis quando alguém se sente afetado por esta terrível pandemia", garantiu.
O chefe de Estado lamentou, por outro lado, "os comentários tendenciosos de pessoas irresponsáveis", segundo os quais os hospitais do país "são culpados pelas mortes" de doentes de covid-19, quando em "outros países de alta tecnologia sanitária morrem diariamente milhares de pessoas".
"Não é justo que, quando uma pessoa está doente em casa, sem ir ao hospital, e quando no último momento morre num centro médico, a responsabilidade seja assacada aos profissionais de saúde e aos centros de saúde", disse.
A resposta das autoridades à pandemia de covid-19 tem sido alvo de forte contestação da oposição equato-guineenses, que criticou as medidas de desconfinamento e acusou o executivo de "atitude negacionista" e de tentar esconder a verdadeira dimensão da pandemia no país.
Alegadas divergências sobre a divulgação dos números terão estado na origem do pedido de substituição da representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelas autoridades de Malabo.
De acordo com a mais recente atualização dos dados sobre o impacto da pandemia no país, a Guiné Equatorial regista 1.664 casos positivos e 32 mortos.