Irão acusa ONU de "carta branca" a violações de direitos das crianças
O Irão denunciou hoje a retirada da coligação militar que intervém no conflito do Iémen, sob liderança saudita, da lista negra de grupos que violam direitos das crianças, acusando a ONU de ter concedido "carta branca" à coligação.
© Reuters
Mundo Iémen
O secretário-geral da ONU, António Guterres, retirou a coligação do relatório anual sobre violações dos direitos das crianças, divulgado na segunda-feira, provocando a indignação de várias organizações não governamentais (ONG).
"No Iémen, a coligação será retirada" do anexo do relatório que faz uma lista dos Estados e grupos que violam os direitos das crianças "através de assassínios e mutilações, após uma diminuição significativa e sustentada (desses crimes) durante os ataques aéreos e da assinatura de um acordo-quadro, em março de 2019", que "visa evitá-los", refere o relatório da ONU.
"A ONU está a dar 'carta branca' à coligação liderada pela Arábia Saudita no Iémen, apesar de admitir que dezenas de crianças iemenitas foram mortas", acusou hoje o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Moussavi, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
A Arábia Saudita e o aliado Estados Unidos estão a "passar por cima" de mecanismos internacionais, acrescentou Moussavi, usando a 'hashtag' #Listadavergonha e anexando fotos de crianças iemenitas mortas.
Várias ONG, incluindo a Human Rights Watch e a Save the Children, também já denunciaram a retirada dessa lista negra da coligação que apoia, desde 2015, o Governo do Iémen contra os rebeldes, por sua vez apoiados pelo Irão.
A representante de António Guterres para a questão das crianças em conflitos armados, Virgínia Gamba, defendeu, na segunda-feira, as conclusões do relatório do secretário-geral da ONU, alegando que o documento se baseia em números.
A coligação passou a constar na lista de Estados e organizações que violam os direitos das crianças em 2016, mas foi retirada depois de ameaças sauditas de cortes ao financiamento da ONU.
Em 2017, quando António Guterres passou a ser secretário-geral das Nações Unidas, o país foi inserido numa subsecção da lista, criada para aqueles que se estavam a esforçar para evitar a morte de crianças, tendo-se mantido nessa lista em 2018 e 2019.
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