Um empresário do ramo hoteleiro com interesses em Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, disse à Lusa que a vila está sem eletricidade, água e telecomunicações, na sequência dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e um grupo de atacantes armados.
"A situação é grave, há muita destruição e é difícil saber o que é que não foi afetado", afirmou.
A maioria da população continua refugiada fora da vila e há muitas pessoas desaparecidas, havendo receios de que várias possam ter morrido durante os confrontos.
Fontes militares disseram à Lusa que as FDS controlam a vila, mas há focos de presença de atacantes nas redondezas.
"Achamos que há malfeitores misturados com famílias fora da vila e por isso as buscas e perseguição continuam", disse um militar.
Os confrontos entre as FDS e os grupos armados eclodiram na madrugada de sábado, provocando a fuga da população.
Mocímboa da Praia já tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.
Os confrontos do fim-de-semana são os maiores de que há relato em Cabo Delgado desde a ocupação por insurgentes da vila de Macomia, entre 28 e 30 de maio, e consequente confrontação com as FDS moçambicanas.
Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A violência armada dos últimos dois anos e meio já terá provocado a morte de, pelo menos, 700 pessoas e uma crise humanitária que afeta cerca de 211.000 residentes.
As Nações Unidas lançaram, no início de junho, um apelo de 35 milhões de dólares (30 milhões de euros) à comunidade internacional para um Plano de Resposta Rápida para Cabo Delgado para ser aplicado de maio a dezembro.