"Estamos a propor incluir no futuro acordo um capítulo sobre serviços financeiros para garantir aos operadores britânicos a segurança jurídica de que não serão vítimas de discriminação quando se estabelecerem na UE" e vice-versa, explicou Barnier durante um discurso à Eurofi, que reúne os atores das finanças europeias.
"Mas o Reino Unido perspetiva ir muito além, e vou ser sincero: as suas propostas são inaceitáveis", acrescentou.
Barnier afirmou que o Reino Unido "gostaria de facilitar a administração de empresas europeias a partir de Londres, com um número mínimo de operações e funcionários no continente".
"É impossível que os Estados-membros ou o Parlamento Europeu aceitem isso", declarou.
Os bancos internacionais em Wall Street e da Ásia esperam manter o máximo possível as suas operações em Londres, para as quais o setor é vital. Refere a agência noticiosa France Presse.
O negociador da UE lamenta que o Reino Unido esteja a tentar, nas questões financeiras, "preservar as vantagens do mercado único sem ter obrigações".
Segundo Barnier, "a cooperação futura" entre as duas partes deve "ser voluntária e baseada na confiança".
"Gostaríamos de estabelecer uma estrutura para o diálogo voluntário entre as autoridades reguladoras e de supervisão", afirmou.
O Reino Unido e a União Europeia iniciaram na segunda-feira intensas negociações sobre seu relacionamento pós-Brexit com a vontade comum de finalmente avançar para evitar um potencial "desastre" no final do ano.
O Reino Unido, que deixou a UE em 31 de janeiro, continua a aplicar as regras europeias até ao próximo dia 31 de dezembro.
Se nenhum acordo for negociado até então, as únicas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), com seus altos direitos alfandegários e seus extensos controlos alfandegários, serão aplicáveis às relações comerciais entre os dois parceiros.