Coronavírus pode estar em circulação no Brasil desde novembro

O novo coronavírus poderia estar em circulação Brasil desde novembro passado, cerca de três meses antes da confirmação oficial do primeiro caso no país, em 26 de fevereiro, segundo um estudo divulgado na quinta-feira.

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Lusa
03/07/2020 06:46 ‧ 03/07/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

Um estudo preliminar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Brasil, realizado em conjunto com a Universidade de Burgos, de Espanha, identificou a presença do genoma do novo coronavírus, transmissor da covid-19, nos esgotos de Florianópolis, capital do estado brasileiro de Santa Catarina, já em novembro.

As "partículas do novo coronavírus" foram encontradas "em duas amostras da rede de esgoto de Florianópolis coletadas em 27 de novembro de 2019", três meses antes "de o primeiro caso clínico ter sido relatado no Brasil", explicou a UFSC.

O Brasil confirmou em 26 de fevereiro o seu primeiro diagnóstico positivo para a covid-19, que foi também o primeiro caso confirmado da doença na América Latina.

O estudo, que ainda não foi submetido a revisão, analisou amostras congeladas de esgoto bruto recolhidas entre outubro de 2019 e março de 2020, com o objetivo de investigar o material como uma "ferramenta epidemiológica".

A carga vírica constatada em 27 de novembro foi de 100.000 cópias do genoma do vírus, embora as cargas tenham aumentado nas duas análises seguintes (11 de dezembro e 20 de fevereiro), atingindo um milhão de cópias do genoma por litro de esgoto no passado dia 04 de março.

"Isso demonstra que o SARS-CoV-2 estava a circular entre a comunidade vários meses antes de o primeiro caso ter sido reportado pelas autoridades regionais, nacionais e pan-americanas", aponta a investigação, publicada esta semana na plataforma científica medRxiv.

Gislaine Fongaro, uma das autoras do estudo, apontou em conferência de imprensa que os primeiros resultados geraram uma "certa desconfiança" entre a equipa de investigadores, por isso repetiram os testes e conseguiram rastrear o genoma do vírus.

"Tivemos o cuidado de realizar um teste interlaboratorial, não apenas com um único marcador vírico, mas sim com vários marcadores de vírus, que foram usados para a confirmação", disse a investigadora, acrescentando que todos os autores estão "bastante tranquilos em relação ao resultado".

Os pesquisadores mencionaram ainda uma iniciativa similar realizada na cidade de Múrcia, no sul da Espanha, onde igualmente se identificou material genético do novo coronavírus antes dos primeiros casos reportados no país europeu, um dos mais afetados pela pandemia.

Apontaram também que, embora os primeiros casos da doença na cidade chinesa de Wuhan, o foco inicial da pandemia, tenham sido registados em dezembro, existem "evidências indiretas que sugerem que o vírus já circulava há alguns meses" na região, assim como indicam outros estudos semelhantes realizadas em Itália e em outros países.

"Se pensarmos que o vírus leva de 15 a 20 dias para criar uma infeção aguda e que em dezembro já havia pessoas a morrer covid-19 em Wuhan, na China, é óbvio que o vírus já estava a circular entre a população muito antes", disse Gislaine Fongaro.

Em pouco mais de quatro meses, o Brasil tornou-se o foco latino-americano da pandemia e é o segundo país no mundo mais afetado pela doença, totalizando 61.884 óbitos e 1.496.858 casos confirmados, informou hoje o executivo.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 517 mil mortos e infetou mais de 10,76 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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