Após o alerta de mais de duas centenas de cientistas de todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu, esta terça-feira, que há indícios de que a Covid-19 se possa transmitir pelo ar.
"Temos estado a analisar a possibilidade de transmissão aérea e transmissão por aerossóis como uma das formas de propagação da Covid-19", afirmou Maria Van Kerkhove, especialista da OMS em prevenção e controlo de infeções, durante uma conferência de imprensa virtual, que decorreu na sede da organização em Genebra.
Até hoje, a OMS dava apenas conta de que o novo coronavírus se propagava, principalmente, através de gotículas expelidas pelo nariz e boca das pessoas infetadas que rapidamente caíam no chão ou em superfícies, assim que se encontravam no ar.
Agora, e confirmando que há novas provas, é preciso estar atento para perceber as implicações e precauções a serem tomadas, afirmou a responsável adiantando ainda que a OMS dará "mais informação assim que estiver disponível".
Na habitual conferência de imprensa da OMS, que a partir desta semana passa a fazer-se apenas à segunda e à sexta-feira, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, começou por salientar que a epidemia está a acelerar no mundo, tendo-se registado novos 400 mil casos só no último fim de semana, ainda que o número de mortes diárias não tenha aumentado e pareça ter estabilizado.
"O surto está a acelerar claramente e ainda não alcançamos o pico da pandemia", disse o responsável, reafirmando os efeitos negativos que a pandemia provocou na distribuição de medicamentos para a sida, bem como na prevenção da doença, devido por exemplo a escassez de preservativos.
Mike Ryan, diretor executivo do programa de emergências em saúde da OMS, explicou a propósito dos números de contágios e de mortes por covid-19 que em abril havia uma média de 6.000 mortes por dia, que passou a uma média de 5.000 em maio, que se mantém com alguma estabilidade, apesar do aumento do número de infeções.
Atualmente há um número médio diário de novas infeções rondando as 200.000. Os especialistas da OMS atribuem o menor número de mortes a ações de alguns países para proteger as populações mais vulneráveis, como as pessoas que vivem em lares de idosos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos e infetou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Portugal contabiliza pelo menos 1.629 mortos associados à covid-19 em 44.416 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).