A cimeira europeia extraordinária de 17 e 18 de julho promete ser tensa, especialmente devido à relutância dos Estados chamados "frugais" em relação ao plano de recuperação, composto por 250 mil milhões de euros em empréstimos e, acima de tudo, subsídios de até 500 mil milhões, que não terão de ser reembolsados pelos Estados beneficiários.
Os Países Baixos, Áustria, Suécia e Dinamarca, em particular, mostram-se muito cautelosos com o plano, que beneficiará principalmente os países do sul, Itália e Espanha em destaque, os mais afetados pelas devastadores consequências socioeconómicas da pandemia da covid-19.
Apesar de reuniões nos últimos dias com vários líderes europeus - incluindo com o primeiro-ministro português, António Costa, o Presidente francês, a chanceler alemã e os primeiros-ministros italiano e espanhol -, Rutte disse aos deputados holandeses que está "bastante pessimista sobre a maneira como as coisas vão correr" na cimeira.
"Posso garantir que estamos a fazer tudo o que podemos nos bastidores, mas, dada a maneira como as coisas estão a ir, não tenho muita esperança", declarou.
Rutte enfatizou que os Países Baixos permanecem "a favor de empréstimos" condicionados a reformas económicas nos países beneficiários, como revisões do sistema de pensões ou do mercado do trabalho.
"Se os países disserem que também queremos saber qual é o caminho para os subsídios, então devo ser capaz de explicar ao Parlamento holandês e cidadãos holandeses que, em troca, essas reformas fundamentais, que ficaram paralisadas até agora, estão em andamento", acrescentou.
Os Países Baixos devem também ter o direito de vetar qualquer subsídio se os países envolvidos não realizarem reformas, apontou Rutte.
"É aqui que o equilíbrio é finalmente encontrado. Esse equilíbrio deve ser encontrado. Não tenho realmente muita esperança nisso", finalizou.
Nos dias 17 e 18 de julho, os líderes dos 27 Estados-membros da UE vão reunir-se em cimeira, presencialmente em Bruxelas, para tentar chegar a um acordo sobre o próximo Quadro Financeiro Plurianual, o orçamento da UE para 2021-2027 (revisto recentemente para 1,07 biliões de euros), e o Fundo de Recuperação económica pós-pandemia (de 750 mil milhões euros) que lhe está associado.