Covid-19. Argentina admite que relação com Bolsonaro "não é fácil"

O chefe da diplomacia argentina indicou que "os pólos opostos", que representam os presidentes de Argentina e Brasil, fazem com que a relação "não esteja fácil" e que os dois líderes não tenham contacto direto.

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Lusa
17/07/2020 10:41 ‧ 17/07/2020 por Lusa

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Covid-19

 

"Admito que a relação não está fácil para que um encontro aconteça não só porque tem a questão da covid, mas também pelas diferentes políticas de ambos os países que motivam os dois Presidentes a expressarem-se exatamente em pólos opostos sobre como encarar a pandemia", indicou o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, durante videoconferência com os jornalistas estrangeiros em Buenos Aires.

O ministro argentino apontou ao ponto central da discórdia para que seja difícil um encontro pessoal entre os presidentes Alberto Fernández e Jair Bolsonaro que nunca se falaram nem mesmo pelo telefone, apesar de um país ser o principal parceiro estratégico do outro.

"A posição de proteger a saúde humana em primeiro lugar, no caso de Alberto Fernández, ou proteger a economia e deixar que a pandemia se expanda, em nível federal, no caso de Jair Bolsonaro", comparou, acrescentando: "Esse é um dos motivos de desencontro forte".

O argentino Alberto Fernández usa regularmente o mau desempenho do Brasil em matéria sanitária no combate ao coronavírus para exaltar o bom desempenho argentino. Já o brasileiro Jair Bolsonaro indica que a Argentina ruma ao socialismo e que as intervenções do governo na economia têm levado empresários argentinos a procurarem refúgio no Uruguai e no Brasil.

Em termos de combate ao vírus, enquanto a Argentina adotou a mais prolongada quarentena do mundo, o Brasil flexibiliza as restrições.

Enquanto a Argentina, com 45 milhões de habitantes, tem 2.122 mortos, o Brasil, com quase cinco vezes mais de população, tem 36 vezes mais óbitos: 76.822.

Mas a desavença entre os dois começou há um ano. Bolsonaro não cumprimentou Fernández pela vitória nas urnas em outubro e não foi à posse do Presidente argentino em dezembro.

Há duas semanas, os dois participaram numa videoconferência para a reunião virtual de presidentes do Mercosul, mas nenhum mencionou o outro.

Os ataques entre Jair Bolsonaro e Alberto Fernández começaram em junho do ano passado, quando Bolsonaro começou a fazer campanha a favor da reeleição do ex-presidente, Mauricio Macri durante o processo eleitoral argentino e alertou para o risco de Fernández transformar a Argentina numa nova Venezuela.

No mês seguinte, Alberto Fernández visitou Lula da Silva na prisão e depois, em outubro, durante o seu discurso de vitória, pediu a liberdade de Lula, maior inimigo político de Bolsonaro.

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