Os profissionais de saúde, que integram o movimento "Unidos contra a Covid" dirigiram uma carta aberta ao Governo para exigir o despedimento da sua célula de crise e a abertura de um inquérito sobre as decisões que, na sua perspetiva, permitiram o recrudescimento do vírus.
"O abandono total das mediadas de luta contra a epidemia no período pré-eleitoral (ajuntamentos, encontros desportivos, torneiros, celebrações), provocaram a parda de controlo da situação epidemiológica, que não pode ser justificada por motivos profissionais", indicam os médicos.
A Sérvia regista mais de 350 contaminações diárias após ter suavizado rapidamente as medidas de restrição para permitir a organização de eventos desportivos e a realização das eleições legislativas em 21 de junho.
O número de mortes diárias atingiu recordes, enquanto a gestão da crise pelas autoridades foi o pretexto para manifestações violentas no início de julho.
De acordo com os números oficiais, 491 pessoas já morreram em consequência do novo coronavírus no país, que tem sete milhões de habitantes, mas os críticos do Governo consideram que o número foi minimizado.
O grupo de médicos acrescentou pretender exprimir-se "publicamente" porque, alegam, não vêm outra solução "face ao desastre de saúde pública em que se encontra atualmente o país".
A célula de crise contestou estas críticas.
"Todos têm direito à sua opinião", reagiu em conferência de imprensa um dos seus membros, a epidemiologista Darija Kisic. "Infelizmente, não vemos [na carta] um único nome de um médico que seja especialista [na luta] contra as doenças contagiosas", acrescentou.
Previamente, a célula de crise reconheceu que o número de mortos "é decerto mais elevado" que o balanço oficial, pelo facto de os doentes poderem ter falecido "sem serem testados".
Hás duas semanas, manifestantes desceram à rua para denunciar a gestão da crise pelo Presidente Aleksandar Vucic.
O protesto foi desencadeado pelo anúncio de um novo recolher obrigatório durante o fim de semana, uma medida que acabou por ser anulada.
O sistema de saúde sérvio tem registado nas últimas décadas um êxodo em massa de pessoal qualificado mas com baixos salários, em particular em direção à Alemanha.
De acordo com o portal de informação económica novaekonomija.rs, citado pela agência noticiosa AFP, faltam no país 3.500 médicos e 8.000 enfermeiros.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 610 mil mortos e infetou mais de 14,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (140.922) e mais casos de infeção confirmados (mais de 3,83 milhões).
Seguem-se Brasil (80.120 mortos, mais de 2,1 milhões de casos), Reino Unido (45.422 mortos, mais de 295 mil casos), México (39.485 mortos, mais de 349 mil casos), Itália (35.073 mortos e mais de 244 mil casos), França (30.177 mortos, mais de 331 mil casos) e Espanha (28.424 mortos, mais de 266 mil casos).
A Índia, que contabiliza 28.084 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e do Brasil, com mais de 1,1 milhões, seguindo-se a Rússia, com mais de 778 mil casos e 12.427 mortos.