Num comunicado conjunto emitido na terça-feira, as equipas das Nações Unidas naqueles três países expressaram a sua especial preocupação relativamente às cerca de 170.000 pessoas que vivem em áreas remotas ao longo da Amazónia, na fronteira entre o Brasil, o Peru e a Colômbia.
A maioria destas pessoas pertence a comunidades indígenas que sofrem de algumas das mais elevadas taxas de incidência da doença, segundo as Nações Unidas.
De acordo com a nota, como resultado da pandemia e apesar dos esforços dos governos dos três países, existe uma preocupação crescente de que as instituições de saúde possam estar sobrecarregadas e incapazes de responder adequadamente a esta situação, com o consequente custo em vidas.
A ONU assinala que a situação agravou-se pelas medidas de quarentena impostas há meses para pôr termo ao avanço da Covid-19, que estão a ter graves consequências socioeconómicas e provocando a fome entre aquelas populações.
A organização explicou que está a trabalhar com as autoridades dos três países para responder à situação, mas considerou que é necessária mais cooperação internacional.
"Apelamos a mais solidariedade internacional para expandir a nossa resposta às comunidades indígenas desta região e para complementar os esforços nacionais", disse Igor Garafulic, o coordenador residente da ONU no Peru, citado no comunicado.
"As Nações Unidas continuarão a apoiar os esforços dos governos. A coordenação entre os três países será fundamental para assegurar a resposta na fronteira", acrescentou a coordenadora residente na Colômbia, Jessica Faieta.
O seu homólogo no Brasil, Niky Fabiancic, observou, por seu lado, que o trabalho da ONU complementa o das autoridades nacionais e procura superar os "desafios logísticos e de programação, únicos", que esta região enfrenta para garantir a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 660 mil mortos e infetou mais de 16,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 2,4 milhões de casos e 88.539 óbitos), depois dos Estados Unidos.