"Verdadeira catástrofe". Explosões em Beirute fizeram mais de 100 mortos

As duas violentas explosões num depósito onde estava armazenado nitrato de amónio causaram cerca de quatro mil feridos e destruíram ou danificaram vários edifícios da capital do Líbano. O país já enfrentava uma grave crise económica e social.

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Fábio Nunes
05/08/2020 09:40 ‧ 05/08/2020 por Fábio Nunes

Mundo

Explosões em Beirute

Várias horas depois das duas fortes explosões que abalaram Beirute, no Líbano, ainda se pode ver fumo a sair da zona do porto. O balanço mais recente da Cruz Vermelha libanesa indica que as explosões provocaram a morte a mais de 100 pessoas e fizeram cerca de quatro mil feridos, números que podem aumentar, uma vez que as equipas da Cruz Vermelha local “continuam as operações de busca e salvamento nas áreas circundantes”.

O Líbano acordou em choque e perante um cenário bélico. As explosões destruíram armazéns e vários edifícios na zona do porto, mas também danificaram muitos prédios num raio de quilómetros.

A violência das explosões foi tal que os sensores do United States Geological Survey registaram-nas como um terramoto de magnitude 3.3 na escala de Richter e chegaram mesmo a ser sentidas no Chipre.

Na manhã desta quarta-feira, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, sublinhou que o país vive uma “verdadeira catástrofe”. Reiterou a promessa que já tinha feito ontem de que vai punir os responsáveis pelas duas explosões e voltou a pedir a ajuda de todos os países e amigos do Líbano.

As duas violentas explosões – uma das quais com uma nuvem em forma de cogumelo, o que já levou a comparações com as explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki – tiveram origem num armazém onde eram guardadas cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio. O nitrato de amónio é um fertilizante químico e componente de explosivos.

O nitrato de amónio estava há seis anos no armazém no porto de Beirute e não era alvo do controlo e verificação que se exigia para um material tão perigoso, algo que foi revelado por Diab.

“É inadmissível que um carregamento de nitrato de amónio, estimado em 2.750 toneladas, estivesse há seis anos num armazém, sem medidas de precaução. É inaceitável e não podemos calar-nos sobre esta questão”, disse o primeiro-ministro libanês ainda durante a reunião do Conselho Superior da Defesa.

Horas depois, Donald Trump apontava noutra direção e sugeria que as explosões foram causadas por uma bomba. “Eu falei com os nossos generais e parece que não foi um acidente industrial. Parece, segundo eles, que foi um ataque, uma bomba", disse o presidente dos Estados Unidos em declarações aos jornalistas.

Governo sem "reporte" de portugueses feridos

Ontem à noite, o Governo português referia que não tinha indicações de de cidadãos nacionais entre as vítimas mortais ou entre os feridos. “Até ao momento, não temos nenhuma informação sobre qualquer português que tenha falecido ou que esteja gravemente ferido”, afirmou Berta Nunes, a secretária de Estados das Comunidades, numa chamada telefónica com a Lusa, acrescentando: “Também não temos reporte de feridos ligeiros, apenas de danos materiais”.

Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros publicou uma mensagem na sua conta de Twitter na qual expressou “solidariedade” para com o povo libanês.

Líbano, um país mergulhado numa crise económica e social

As duas explosões que atingiram Beirute aconteceram num momento difícil para o Líbano. O país enfrenta a pior crise económica das últimas décadas. O Líbano está em ‘default’ (incumprimento de pagamentos aos seus credores). No final de abril, o governo libanês adotou um plano relançamento económico e prometeu reformas, mas as negociações com o Fundo Monetário Internacional para conseguir ajuda financeira estão paradas.

Como se isso não bastasse, o país está mergulhado numa crise social e tem vivido anos de instabilidade política. Desde setembro do ano passado, o Líbano tem sido palco de sucessivos protestos.

Aliás, esta terça-feira, antes das explosões, um grupo de manifestantes tentou tomar de assalto o Ministério da Energia devido aos frequentes cortes de energia no país à beira do Mediterrâneo. A tentativa de invadir a sede do Ministério da Energia foi travada pela polícia, o que gerou confrontos.

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