"O nacionalismo em relação às vacinas não presta. Não nos ajudará. Quando dizemos que uma vacina deve ser um bem global de saúde pública, não se trata de partilhar por partilhar. Para o mundo poder recuperar mais depressa, tem de recuperar em conjunto", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, numa conferência de imprensa virtual integrada no Fórum de Segurança de Aspen, um encontro global organizado a partir dos Estados Unidos.
Os países que cheguem primeiro a uma vacina e que se comprometam a contribuir para que seja distribuída equitativamente por todo o mundo "não estão a fazer caridade aos outros, estão a fazê-lo por si próprios, porque quando o resto do mundo recuperar e as economias reabrirem, também beneficiam", declarou.
O diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que de 165 projetos de vacinas, 26 estão em testes clínicos e seis entraram na chamada fase três, em que são testadas em pessoas saudáveis para ver se são capazes de as proteger contra o novo coronavírus durante grandes períodos de tempo.
Nenhuma delas -- três na China, uma na universidade britânica de Oxford, e duas de empresas farmacêuticas Estados Unidos, Moderna e Pfizer -- é garantia, por si, só de sucesso na eliminação da covid-19 como ameaça de saúde pública, salientou, referindo que poderão ser precisas várias para o conseguir.
Michael Ryan indicou que a resposta da comunidade científica no desenvolvimento de vacinas foi "incrível para o curto espaço de alguns meses", frisando que é preciso garantir que qualquer uma das candidatas será "segura e eficaz".
"Precisamos de continuar a ser cautelosos à medida que aumentamos o número de pessoas vacinadas, porque os efeitos secundários raros só se manifestam quando se vacinam muitas pessoas", salientou.
Assim que houver "sinais de segurança" suficientes, a produção de vacinas poderá começar, garantindo-se que há vacinas suficientes para as necessidades de todo o mundo.
"Para o mundo recuperar mais depressa, tem que recuperar em conjunto", reiterou Tedros Ghebreyesus.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 708 mil mortos e infetou mais de 18,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.743 pessoas das 52.061 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.