"Estamos profundamente preocupados com a detenção de Jimmy Lai e outras seis pessoas em Hong Kong. Esta é mais uma prova de que a lei de segurança nacional está a ser usada para silenciar a voz da oposição", realçou a mesma fonte do Governo britânico, citado pela agência AFP.
Jimmy Lai, de 72 anos, é o proprietário de duas publicações pró-democracia e frequentemente críticas de Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.
O empresário foi hoje preso por suspeita de conluio com forças estrangeiras, um dos crimes abrangidos pela nova legislação de segurança que entrou em vigor no final de junho, e por suspeita de fraude.
Visto por numerosos habitantes de Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como "um traidor", que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar com nações estrangeiras para prejudicar a China.
Em meados de junho, duas semanas antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP esperar a detenção.
"Estou pronto para ir para a prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A única coisa que posso fazer é ser positivo", afirmou.
Para o empresário, a nova lei "vai substituir" o regime legal de Hong Kong e "destruir o estatuto financeiro internacional" da cidade.
Também Agnes Chow, figura importante do movimento pela democracia, foi detida ao abrigo da nova lei de segurança nacional.
Segundo fonte policial, foram hoje detidas dez pessoas, noticia a agência AFP.
A lei da segurança nacional criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.
O documento entrou em vigor em 30 de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.
Hong Kong regressou à soberania da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas", também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.