Convenções democrata e republicana condicionadas pela pandemia nos EUA

Com a escolha da senadora Kamala Harris para vice-Presidente, Joe Biden alavancou a candidatura democrata e abriu a contagem decrescente para a Convenção que começa na próxima segunda-feira, em Milwaukee, no Estado do Wisconsin.

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Lusa
14/08/2020 09:34 ‧ 14/08/2020 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

 

Tanto a convenção democrata como a republicana, que decorrerá de 24 a 27 deste mês em Jacksonville, no Estado da Florida, serão realizadas sob o signo da pandemia de covid-19, sem as tradicionais aglomerações de delegados e apoiantes.

Os democratas aconselham os delegados a evitar a Convenção. Mas os republicanos ainda querem uma festa grande.

Relativamente à convenção democrata, Tom Perez, líder do Comité Nacional Democrata, revelou um programa muito reduzido, entre 17 e 20 deste mês, quase todo virtual, longe do formato espetáculo da política com transmissão pelas grandes estações de televisão.

As figuras gradas do Partido Democrata não vão viajar para Milwaukee. Apenas os delegados democratas naquela cidade discursarão no local. Todos os outros discursos, incluindo os de Michelle e Barack Obama, Hillary e Bill Clinton, bem como o dos candidatos Kamala Harris e Joe Biden, serão transmitidos 'online'.

Do lado republicano, desconhece-se ainda onde Donald Trump fará o discurso de aceitação, ou qual o formato do evento.

A Convenção republicana enfrentou desafios logísticos desde o início.

O Presidente Trump planeava, inicialmente, ir a Charlotte, na Carolina do Norte, abrilhantar uma grande convenção-espetáculo para contrariar a autolimitação dos democratas devido à pandemia.

Mas as autoridades da cidade demonstraram preocupação e os republicanos mudaram o evento para Jacksonville, na Flórida. Mas aqui, também, os receios de saúde pública foram grandes e a Convenção foi cancelada.

Trump, à revelia do partido, disse há dias que faria o seu discurso de aceitação na Casa Branca, ou no campo de batalha da Guerra Civil em Gettysburg, na Pensilvânia.

As convenções têm um papel fundamental na política americana. Além de representarem o arranque final do ciclo eleitoral presidencial, que culmina com a eleição a 03 de novembro, têm três funções principais no processo político.

Primeiro, são a ocasião de aceitação formal dos candidatos a Presidente e vice, por cada partido.

Com esta nomeação, começa de imediato a intensa campanha de galvanizar o eleitorado em torno de cada agenda política.

Segundo, possibilitam a interação sociopolítica entre milhares de delegados e eleitos dos cinquenta estados. Só delegados são 4.750 na convenção democrata, enquanto na convenção republicana são 2.472.

São estes que, conforme a votação do eleitorado nas primárias em cada Estado, agora nomeiam o candidato vencedor.

Em terceiro lugar, discutem e adotam a plataforma do partido, um conjunto de princípios e objetivos para as atividades políticas nos quatro anos de mandato presidencial.

Mas há uma outra função que não vem nos programas, o lóbi político. Os corredores e salas da convenção são o espaço de encontro entre políticos, quer eleitos, quer delegados, ou até mesmo assessores, com representantes de grandes empresas e interesses financeiros, que, nos quatro dias do evento, andam numa roda viva de jogos de influência, favores e promessas de financiamento de campanhas.

Nos quatro dias da convenção há ainda sessões de tarde e à noite de discursos em plenário. São a ocasião para apresentar estratégias políticas, lançar novos talentos, ou ouvir os pesos pesados partidários. Tudo feito em crescendo para culminar com os discursos em 'prime time' televisivo dos candidatos a Presidente e vice-Presidente.

Esta era a tradição da política-espetáculo americana. Este ano, a pandemia trocou as voltas aos organizadores. Os republicanos trabalham ainda em volta das decisões de última hora do Presidente Trump, que concorre à reeleição com o vice-Presidente Mike Pence.

Embora com relutância, Trump tem atenuado a sua política de desvalorização da pandemia mas não quer desistir da festa-espetáculo do discurso de aceitação.

Há dias confirmou-se a hipótese de um evento formal ao ar livre. Há preparativos para que o discurso tenha lugar no relvado sul da Casa Branca, com pompa e cobertura televisiva em direto. "Ainda não definimos isso", disse Trump.

"Provavelmente anunciaremos nos próximos dias", afirmou.

Quanto aos democratas, reduziram o programa da convenção para apenas duas horas por noite, renunciando ao típico formato longo que permitia a muitos oradores subirem ao palco à tarde e no início da noite, antes das atrações principais em horário nobre.

Transformaram a convenção ancorada no Wisconsin Center num evento sem ajuntamento de pessoas, transmitido 'online' a partir de vários locais.

"Quis dar o exemplo de como devemos responder individualmente a esta crise", afirmou Joe Biden.

Os analistas dividem-se quanto a formatos de convenção menores, sem convívio de delegados, com emissão 'online' e sem cobertura em direto das grandes redes de televisão.

Há os que apontam ser este o novo caminho da política na era digital. Mas há também quem diga que este é um fenómeno passageiro e que a tradição da política-espetáculo voltará logo que a pandemia acabe.

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