Myanmar põe em quarentena província marcada pela guerra e pobreza

Myanamar (antiga Birmânia) colocou em quarentena o estado de Rakhine, uma região envolvida num conflito armado há dois anos e um dos mais empobrecidos do país, após o surgimento de novos casos de covid-19.

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© Reuters

Lusa
27/08/2020 07:58 ‧ 27/08/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

"No estado de Rakhine, os casos de Covid-19 estão a aumentar num curto período de tempo. As pessoas foram aconselhadas a ficar em casa para controlar a propagação da doença", informou em comunicado o Ministério da Saúde e Desportos daquele país, citado pela agência de notícias Efe.

O país de 53 milhões de habitantes, que contabilizou até agora 586 infeções com o novo coronavírus e seis mortes, parecia ter a pandemia sob controlo, mas está agora a registar um aumento de casos de covid-19.

A maioria das novas infeções, 173 nos últimos dois dias, foram detetadas em Rakhine, cenário de uma guerra feroz entre as forças armadas de Myanmar e guerrilheiros do grupo étnico local, que lutam pela autonomia do estado.

Em resultado do conflito armado, o Governo impôs desde junho de 2019 o mais longo 'blackout' da Internet no mundo, embora desde 07 de agosto tenham sido restabelecidas as redes 2G, mas não as 4G.

Naquele estado vivem cerca de 600 mil rohingyas, um grupo étnico predominantemente muçulmano a quem o Governo recusa a cidadania, por serem considerados "imigrantes ilegais" do vizinho Bangladesh, apesar de viverem no país há várias gerações.

Os rohingya também são discriminados no acesso à educação e saúde, e desde o surgimento da pandemia, estão expostos à precária infraestrutura de saúde em Rakhine e nos campos de refugiados do Bangladesh.

Em 25 de agosto, a Amnistia Internacional acusou as autoridades de continuarem a ocupar terrenos rohingyas, no terceiro aniversário da limpeza étnica desta comunidade predominantemente muçulmana, apesar das medidas cautelares impostas a Myanmar pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia, no âmbito do processo por alegado genocídio contra aquela minoria.

Em agosto de 2017, em resposta a um ataque de um grupo guerrilheiro rohingya, os militares lançaram uma operação de limpeza que causou o êxodo para o Bangladesh nos meses seguintes de mais de 730 mil membros desta minoria perseguida.

Desde então, os terrenos das casas destruídas dos rohingyas foram ocupados por edifícios oficiais ou por membros da comunidade budista, a minoria no estado de Rakhine, mas a maioria em Myanmar.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

 

 

 

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