Rodolfo Martín Villa, de 85 anos, dirigiu a polícia de Barcelona (capital da região da Catalunha) durante os últimos anos do regime de Francisco Franco e foi nomeado ministro logo após a morte do ditador (1976).
Considerado uma personalidade importante durante a transição democrática, o octogenário prestou declarações no consulado argentino em Madrid, por videoconferência, com a juíza Maria Servini, que investiga uma queixa apresentada no seu país pelas associações de vítimas do regime de Franco.
A chamada "queixa argentina" atribui a Martin Villa os crimes de genocídio e contra a humanidade pelas cinco mortes ocorridas num despejo policial em Vitória (norte de Espanha) a 03 de março de 1976.
O ex-responsável governamental também é acusado de seis mortes, entre 1976 e 1977, durante o seu mandato no Ministério do Interior (Administração Interna), e outra em Pamplona, durante as festas de São Firmino de 1978.
Rodolfo Martín Villa, que sempre alegou ser inocente, enviou no início da semana a Servini cerca de 20 cartas de apoio, incluindo de ex-primeiro-ministros espanhóis, que afirmam que este agiu "sempre com total empenho na defesa do Estado de direito e na reforma das forças policiais", de acordo com uma declaração dos seus advogados.
Fontes da sua defesa citadas pela imprensa sustentam que em mais de seis ocasiões o ex-ministro pediu para testemunhar perante a juíza, desde que esta lavrou o ato de acusação em outubro de 2014, mas isso não tinha sido possível até agora.
Depois desta audição, a magistrada pode voltar a acusá-lo e solicitar a sua extradição, o que já aconteceu sem consequências em 2014.
A Lei da Amnistia de 1977 impede, em nome da transição para a democracia, qualquer acusação por delitos políticos para os opositores de Francisco Franco, assim como para os seus apoiantes.