A participante que fez suspender os testes à vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e Universidade Oxford, esta semana, foi uma mulher do Reino Unido que revelou sintomas neurológicos consistentes com uma doença inflamatória da espinal medula, a mielite transversa. O diagnóstico ainda não foi confirmado, mas a voluntária está a melhorar e deverá ter alta em breve.
Mas esta pausa nos ensaios que causou alarme, e fez correr tinta um pouco por todo o mundo, não foi a primeira. Os testes já tinham sido interrompidos há dois meses, em julho, depois de um dos voluntários ter sido diagnosticado com esclerose múltipla, mas concluiu-se que a doença neurológica não estava relacionada com a vacina.
Esta informação foi revelada durante uma reunião por videoconferência entre Pascal Soriot, diretor executivo da multinacional AstraZeneca, e os investidores, na manhã de quarta-feira. O site especializado em notícias de saúde Stat News teve acesso ao conteúdo do encontro através de três investidores que estiveram presentes na reunião.
Até agora, os comentários da farmacêutica sobre a mais recente suspensão têm sido escassos, exemplo disso é a falta de confirmação oficial de que se trata de uma segunda vez. A empresa, para já, disse apenas que "como parte dos testes globais controlados em andamento da vacina de Oxford contra o coronavírus, o nosso processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança".
Frisou ainda que se trata de "uma ação de rotina, que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos ensaios, enquanto ela é investigada", de forma a garantir que é mantida "a integridade dos ensaios".
Ainda não se sabe quanto tempo vai durar a suspensão dos testes clínicos que estavam a ser realizados em larga escala em diversos locais nos EUA e no Reino Unido. Os ensaios da fase 3 da vacina da AstraZeneca começaram no final de agosto nos EUA. Já os testes de fase 2/3 foram iniciados anteriormente no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul.
Esta é a vacina que se espera que chegue a Portugal caso seja eficaz. Ao todo, o país deverá receber 6,9 milhões de vacinas caso esta venha a ser bem sucedida.