Durante a madrugada, a polícia desembarcou um destacamento, onze veículos e um canhão de água para controlar os protestos dos habitantes locais, que se receia poderem vir a intensificar-se, contra os refugiados do campo de Moria.
Dois veículos da polícia estão neste momento a bloquear os acessos ao porto de Mitilene, a sete quilómetros do campo de refugiados.
Milhares de requerentes de asilo passaram a terceira noite sem qualquer tipo de abrigo depois de os dois incêndios terem destruído as instalações do centro de acolhimento de Moria.
As pessoas foram obrigadas a ficarem ao longo de uma estrada que faz a ligação entre o campo e o porto da cidade mais próxima.
"Perdemos tudo. Estamos sozinhos, sem água nem medicamentos", lamentou Fatma Al-Hani refugiada de guerra síria e que se encontra na estrada com uma filha de 2 anos.
Os incêndios de terça-feira e de quarta-feira destruíram o campo de Moria, onde se encontram 12.700 pessoas, entre as quais quatro mil crianças, conhecido entre os refugiados como "a selva".
O governo de Atenas apelou às autoridades locais para apresentarem "soluções rápidas" para albergar os refugiados sem abrigo.
Na quinta-feira, moradores da ilha de Lesbos impediram as equipas de reconstrução e socorro de entrarem no campo para repararem as instalações e montar mais tendas de campanha.
"Esta é a altura para encerrar definitivamente Moria (centro de acolhimento de refugiados). Nós não queremos outro campo e não queremos que se faça a reconstrução", disse à France Presse Vagúelis Violatzis, autarca da pequena povoação de Panagiouda situada perto do local.
De acordo com as autoridades gregas, os incêndios foram provocados deliberadamente depois de terem sido detetados 35 casos de contágio de coronavírus entre os refugiados.
O campo já se encontrava confinado desde o princípio do mês, altura em que se registou o primeiro caso de infeção de covid-19.
O primeiro doente foi inicialmente transportado para Atenas, mas depois as autoridades enviaram o paciente para o campo de Moria.