De acordo com o balanço diário do ministério, foram detetados, nas últimas 24 horas, 1.927 infetados e morreram 35 pessoas, elevando o número de óbitos para 1.830.
A epidemia em Marrocos tem-se agravado desde que começou o 'desconfinamento', em meados de julho: em agosto, o número de casos iniciou uma nova curva ascendente que ultrapassou os mil novos casos diários, passando para dois mil em setembro.
O ministro da Saúde marroquino, Khaled Ait Taleb, apontou na passada quinta-feira, durante uma comissão parlamentar, que 60% dos casos detetados desde o início da pandemia em Marrocos (em março) aconteceram desde agosto.
"A situação é preocupante, mas controlável. Não atingiu um nível caótico que ponha pressão nas nossas capacidades e no nosso sistema nacional de saúde", disse, no entanto, explicando que o país realiza 25 mil testes diários e tem 13.400 camas para casos de infeção por covid-19 espalhadas por todos os hospitais do país.
Ait Taleb lembrou que o seu ministério reviu os protocolos relativos à covid-19, passando a permitir o tratamento em casa de casos assintomáticos, alargando as homologações dos laboratórios com permissão para fazer testes aos privados e multiplicando o número de hospitais de campanha militares e civis.
As autoridades aprovaram ainda uma série de medidas "draconianas" para conter a propagação do coronavírus, como o encerramento de cidades ou bairros onde foram declarados surtos, mas não conseguiram diminuir a curva de contágio.
Em setembro, a multiplicação de novos surtos interrompeu o início do ano letivo e muitas escolas localizadas em cidades ou bairros confinados tiveram de fechar portas e passar para o ensino a distância.
Segundo fontes do Ministério da Educação marroquino, o número de escolas de todo o país que já fecharam portas e optaram pelo ensino à distância atinge 2.250, o que afeta cerca de 950 mil alunos.
Grande parte dessas escolas situam-se em Casablanca, a capital económica do país magrebino, que responde por mais de um terço dos casos registados de infeções pelo coronavírus, e onde as autoridades locais decretaram, pela segunda vez, um confinamento de 14 dias, obrigando a autorizações especiais para deslocações essenciais e decretando toque de recolher noturno.
Além disso, as autoridades multam em 300 dirhams (cerca de 28 euros) quem não use máscara e aplicam restrições em outras cidades e bairros do país onde ocorreram mais surtos, causando frequentemente a indignação dos habitantes.
Em Rabat, os moradores do humilde bairro de Takadoum, submetidos a um longo confinamento parcial, forçaram as barreiras estabelecidas pelas forças de segurança, e imagens de pessoas a derrubarem cercas ou a esgueirarem-se por frestas nas casas espalharam-se nas redes sociais.
Como em outras cidades, os moradores de Takadoum exigem poder trabalhar e queixam-se do caráter repentino das restrições aplicadas e da falta de alternativas.
A crise sanitária e as rígidas medidas tomadas pelas autoridades do país complicaram a situação financeira de muitas famílias, especialmente daquelas que dependem do setor informal para sobreviver.
No seu último boletim sobre o impacto económico e social do coronavírus, o órgão estatístico oficial marroquino previu que mais de um milhão de marroquinos poderão ter já caído na pobreza.