O chefe do executivo espanhol, Pedro Sánchez, sublinhou esta ideia, depois de vários meses em que pede a união de todos na luta contra a pandemia e censura a posição muito crítica sobre o combate à pandemia feita pelas formações de direita, entre elas a do Partido Popular, do qual faz parte a presidente da comunidade autónoma de Madrid, Isabel Díaz Ayuso.
Os dois responsáveis concordaram com a criação de um "grupo covid-19", composto pelas duas administrações, que se reunirá semanalmente com o objetivo de coordenar e planear respostas à pandemia.
Este grupo, que funcionará sob um princípio de coordenação, "nunca de hierarquia", vai começar a trabalhar "imediatamente, esta mesma tarde", segundo Sánchez, com o objetivo de enfrentar a pandemia.
O primeiro-ministro descreveu a sua reunião com Ayuso como "frutuosa, construtiva e positiva" e reiterou que foi à sede do Governo de Madrid para ajudar e colaborar, não para tutelar, julgar ou avaliar ou substituir uma administração regional cujos poderes são reconhecidos pela lei e pela Constituição.
"Juntos vamos conseguir, mais cedo e não mais tarde", salientou, antes de reiterar o seu apelo ao cumprimento de todas as medidas higiénicas e sanitárias para manter o coronavírus à distância e ter pedido em particular a colaboração dos mais jovens.
As propostas do grupo criado servirão de recomendações para as ações que o Governo da região de Madrid continuará a tomar no exercício das suas competências.
Por seu lado, Isabel Díaz Ayuso pediu ao chefe do Governo uma lei "estratégica" para coordenar a pandemia do novo coronavírus em toda a Espanha e servir de "proteção nacional" para todas as comunidades autónomas, com "regras básicas" para que os cidadãos "saibam o que esperar".
"Os cidadãos não sabem o que esperar, têm dificuldade em cumprir os regulamentos, porque não os conhecem", disse Ayuso na conferência de imprensa conjunta realizada com Sánchez após a reunião que tiveram.
A dirigente regional solicitou também a instalação de um hospital de campanha junto ao aeroporto internacional de Madrid e em áreas "estratégicas" da região onde se possam realizar testes à covid-19.
A Espanha é um dos países do mundo mais atingido pelo novo coronavírus e a sua capital, Madrid, é neste momento um dos epicentros da doença, com uma taxa de infeção de mais de 680 pessoas por 100.000 habitantes em duas semanas.
O Governo regional de Madrid decidiu restringir, a partir de hoje, a liberdade de movimentos a mais de 850.000 pessoas, 13% dos seus habitantes, de zonas da cidade onde houve um grande aumento dos contágios.
A população afetada poderá, no entanto, sair do seu bairro para ir trabalhar, ao médico ou levar os filhos à escola.
O encerramento de jardins e parques é outra das medidas que entraram em vigor em 37 áreas sanitárias da capital espanhola, uma cidade que tem cerca de 6,6 milhões de habitantes num total nacional de 47 milhões.
No domingo, várias centenas de pessoas criticaram as medidas decididas pelo executivo de Isabel Díaz Ayuso pedindo a sua demissão.
Os manifestantes também pediram que as novas restrições fossem alargadas a toda a cidade, expressando a sua insatisfação contra as autoridades por agirem demasiado tarde e terem implementado as medidas nas áreas mais pobres, não fazendo o suficiente para reforçar os centros de saúde da região.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 961 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.920 em Portugal.
Na Europa, o maior número de vítimas mortais regista-se no Reino Unido (41.777 mortos, mais de 394 mil casos), seguindo-se Itália (35.707 mortos, mais de 298 mil casos), França (31.585 mortos, mais de 453 mil casos) e Espanha (30.495 mortos, mais de 640 mil casos).