"Portugal será importante beneficiário" do fundo de recuperação
A presidente da Comissão Europeia garante que "a União Europeia está solidária com Portugal" face à crise provocada pela pandemia da covid-19, como o demonstra o facto de o país ser um dos importantes beneficiários do Fundo de Recuperação.
© Reutres
Economia Von der Leyen
Em entrevista à agência Lusa na véspera da sua primeira visita oficial a Portugal enquanto presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen afirma que "os cidadãos portugueses lutaram de forma muito corajosa e disciplinada contra o vírus e até têm sido mais bem-sucedidos do que outros", e podem contar com o apoio da UE, que ajudará igualmente a "impulsionar" a retoma da economia portuguesa.
"A União Europeia assegurará que o povo português, os cidadãos europeus e as pessoas em todo o mundo tenham acesso a uma futura vacina. E a UE estará também ao lado dos portugueses na recuperação da crise económica", garante a presidente da Comissão.
Sustentando que o 'NextGenerationEU', o fundo de recuperação proposto pelo seu executivo e acordado pelos líderes europeus numa longa cimeira em julho passado, dá à Europa "a oportunidade não só de reparar os danos e recuperar da situação atual, mas de moldar um melhor modo de vida", Von der Leyen destaca que "Portugal será um importante beneficiário".
De acordo com o compromisso alcançado em julho passado, Portugal receberá 15,3 mil milhões de euros em subvenções (a fundo perdido), incluindo 13,2 mil milhões de euros, até 2023, através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do Fundo de Recuperação.
Segundo a presidente da Comissão, o apoio que Portugal receberá "vai proporcionar os meios para impulsionar a recuperação da economia portuguesa, assente na dupla transição ecológica e digital, e assegurando ao mesmo tempo que ninguém é deixado para trás".
Questionada sobre o impacto particular que a crise da covid-19 teve em Portugal enquanto um dos países onde o Produto Interno Bruto mais depende do turismo, um dos setores mais atingidos, Ursula von der Leyen observa que "todos os Estados-Membros, tanto os grandes como os pequenos, os que são economicamente mais fortes e menos fortes, sentiram a sua vulnerabilidade durante esta crise".
"A atual crise afetou todos os Estados-Membros, embora de forma diferenciada, e temos de trabalhar afincadamente para tornar as nossas economias mais resistentes aos choques externos", diz, na entrevista por escrito concedida à Lusa.
Segundo a responsável alemã, "o instrumento 'NextGenerationEU' foi concebido para ter em conta estas diferenças" e "muitas das medidas adotadas pela Comissão dirigem-se especificamente ao setor do turismo, que é tão importante para países como Portugal".
"No início deste mês, a Comissão adotou uma proposta para assegurar que as medidas tomadas individualmente pelos Estados-Membros e que restringem a livre circulação devido à pandemia de coronavírus são coordenadas e comunicadas claramente a nível da UE. Esperamos que esta proposta possa ser adotada em breve pelos governos da União", lembrou, referindo-se aos esforços de Bruxelas para salvaguardar o espaço Schengen de livre circulação e, consequentemente, proteger também o setor do turismo, particularmente lesado pelos encerramentos de fronteiras e outras restrições que os Estados-membros foram tomando unilateralmente desde março passado.
Ursula von der Leyen estará a partir de segunda-feira em Lisboa, para uma visita de dois dias, a primeira desde que assumiu a presidência da Comissão, em dezembro de 2019, e durante a qual participará numa sessão, na terça-feira, na Fundação Champalimaud, com o primeiro-ministro, António Costa, na qual apresentarão respetivamente os planos de recuperação europeu e português.
Ainda antes desta sessão, o primeiro-ministro e a presidente da Comissão Europeia farão uma visita ao Instituto Ricardo Jorge, valência que tem estado na primeira linha do combate à covid-19.
Durante a sua presença em Portugal, Ursula von der Leyen, participa na terça-feira, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na reunião do Conselho de Estado, que vai debater a situação e o futuro da Europa, e está marcado para o Palácio da Cidadela de Cascais, distrito de Lisboa.
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