O partido da oposição, o Alternativa para a Alemanha, de extrema direita, acusou Merkel, durante o debate sobre o orçamento que decorre hoje no parlamento, de usar a crise sanitária como desculpa para gastar o dinheiro dos contribuintes e promover o que descreveu como "socialismo corona".
A chanceler rejeitou a acusação, observando que, apesar de ter criado um pacote de estímulo sem precedentes e de quebrar as regras sobre empréstimos, a Alemanha continua a ter a taxa de dívida pública mais baixa de todos os países do Grupo dos 7 mais industrializados.
A Alemanha, como muitos dos seus vizinhos europeus, registou um aumento do número de infeções por covid-19 nas últimas semanas, anunciando hoje 1.798 novos casos em todo o país nas últimas 24 horas.
No total, o país contabiliza, desde o início da pandemia, 289.219 casos de pessoas infetadas e quase 9.500 mortes relacionadas com o coronavírus, número que representa um quarto do registado no Reino Unido ou na Itália.
Durante o discurso no Bundestag, Merkel assegurou ainda que não vai candidatar-se a um quinto mandato como chanceler no próximo ano e defendeu que os fundos de recuperação da pandemia devem ser investidos em tecnologias e indústrias voltadas para o futuro, que ajudarão a enfrentar as mudanças climáticas e a reforçar a economia do futuro.
Antes de encerrar o seu discurso, Merkel dirigiu-se diretamente ao público, instando as pessoas a seguirem as regras impostas para limitar a propagação do vírus, a fim de evitar um segundo confinamento.
"A pandemia não acabou", disse, lembrando que o outono e o inverno serão "épocas difíceis" de enfrentar.
O distanciamento social e as regras de higiene "não protegem apenas os idosos nem as chamadas 'pessoas em risco', mas a sociedade aberta e livre como um todo", defendeu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.