"A menos que atuemos agora, a covid-19 pode apagar uma geração de progresso frágil em direção à igualdade de género", declarou António Guterres numa reunião que assinala o 25.º aniversário da Declaração de Pequim, o primeiro grande acordo global para impulsionar os direitos das mulheres.
Guterres assinalou que a pandemia destacou a necessidade de dar um impulso urgente à "promessa não cumprida de Pequim" e de mudar os "sistemas e estruturas do mundo, baseados em milénios de dominação masculina".
"Mulheres e raparigas aguentam o pior do enorme impacto social e económico da pandemia", disse, adiantando que as mulheres empregadas na economia informal foram as primeiras a ficar em trabalho e que as enfermeiras estão na "linha da frente" da resposta à doença.
As mulheres sofrem uma segunda "pandemia" durante a crise, a de violência de género, reforçou.
Considerando que a desigualdade de género é sobretudo uma "questão de poder", Guterres defendeu que a resposta ao problema deve começar por uma representação igualitária das mulheres em cargos de liderança, quer públicos, quer privados.
Tal exige medidas como quotas e que os países estabeleçam compromissos ambiciosos, acrescentou.
A pandemia de covid-19, transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro na China, já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 34 milhões de infetados em todo o mundo, segundo um balanço da agência France Presse com base em dados oficiais.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.