Comissário da CEDEAO defende mais Educação na Guiné-Bissau

O comissário para a Educação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Leopoldo Amado, defendeu hoje mais educação na Guiné-Bissau para acabar com instabilidade, que é inimiga do trabalho, da reflexão e da investigação científica.

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Lusa
05/10/2020 06:00 ‧ 05/10/2020 por Lusa

Mundo

Educação

"Infelizmente, quando falamos da Guiné-Bissau temos de falar da instabilidade política. Isto não é novidade para ninguém. Temos já 47 anos de independência e grande parte processaram-se em termos de instabilidade do ponto de vista geral", afirmou à Lusa o guineense em entrevista à agência Lusa.

Segundo Leopoldo Amado, a instabilidade é "inimiga do trabalho, da reflexão, da investigação científica".

"É inimiga de uma sociedade que necessita de uma certa estabilidade para poder equacionar os seus problemas e traçar as estratégias para a sua resolução e é o que tem estado a acontecer com a Guiné-Bissau", afirmou.

Para o comissário, é importante que as "hostes possam assentar" para a Guiné-Bissau "perceber quais são os desafios e os problemas" e criar um plano para "fazer face às grandes questões inadiáveis".

O antigo diretor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau salientou que no "contexto das Nações não há milagres, não há almoços grátis" e as "cedências têm o selo do interesse".

A Guiné-Bissau, considerou, tem muitos quadros capazes espalhados pelo mundo, "que se têm revelado extraordinários".

"Penso que há um problema educacional muito sério e penso que é preciso fazer uns estados-gerais ao nível da educação. Pôr as pessoas a discutirem em que ponto é que estamos do ponto de vista da educação básica, da educação intermédia, educação vocacional, profissional", afirmou.

Salientando que na Guiné-Bissau "já não se encontram bons carpinteiros" ou quem "saiba fazer uma casa", Leopoldo Amado salientou que é preciso "gizar um plano" para se queimarem "muito rapidamente etapas".

"Nós estamos muito atrasados, acumulámos um atraso considerável e é preciso rapidamente queimar etapas e colocar o nosso país ao nível dos outros senão nunca mais somos interlocutores", afirmou.

"Se nós educarmos as pessoas devidamente elas não têm tempo para fazer instabilidade, porque as pessoas vão para a política para fazer instabilidade", sublinhou.

Para o professor, só a educação substitui a vontade de ir para a política, porque essas pessoas estariam ocupadas a fazerem outras coisas, incluindo a criarem o seu emprego.

Referindo-se concretamente aos jovens, Leopoldo Amado disse que na Guiné-Bissau não são os jovens guineenses que vendem serviços, mas jovens da Guiné-Conacri ou do Senegal.

"Os jovens de hoje estão a privilegiar outros valores, porque a educação aqui não abre portas. Temos de ter crença no saber, porque o saber é autonomia, ensina-nos a pensar, a ser mais circunspectos, mais capazes de interpretar a realidade, de sermos mais interventivos e é o que os jovens da Guiné-Bissau precisam", disse, salientando que só assim há condições para o desenvolvimento que "já tarda".

 

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