O especialista em vacinação que, em abril, disse ter sido afastado da direção da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado por pressão política, por se opôr ao investimento na hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19, demitiu-se do Instituto Nacional de Saúde, justificando que a administração de Donald Trump "ignora o conhecimento científico, passa por cima das orientações de saúde pública e desrespeita cientistas experientes".
Rick Bright disse também ter abandonado a sua função no principal órgão governamental de pesquisa biomédica e saúde pública porque o seu plano para desenvolver uma estrutura nacional de testagem foi ignorado, segundo refere o Guardian.
O imunologista, recorde-se, era diretor da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado, a agência que é chamada a responder em caso de pandemia ou de ataque terrorista biológico e que agora é responsável por desenvolver um plano para vacinação contra a Covid-19 nos Estados Unidos.
Os advogados de Rick Bright alegam que o especialista foi "colocado de parte" no Instituto Nacional de Saúde, para onde foi transferido depois de ser despedido da agência especializada em biodefesa. A estratégia de Bright para uma estrutura nacional de testagem, dizem, foi ignorada porque o imunologista se tornou "politicamente tóxico" para a administração de Donald Trump.
Em maio, em declarações no Congresso, Rick Bright fez duras críticas à administração Trump por causa do seu papel no combate ao novo coronavírus e acusou o presidente dos Estados Unidos de não ter dado importância aos sinais de alerta iniciais da pandemia. Donald Trump respondeu através do Twitter, uma hora antes da audiência no Congresso, indicando que nunca conheceu Bright, mas que devia ser "um funcionário ressentido".
I don’t know the so-called Whistleblower Rick Bright, never met him or even heard of him, but to me he is a disgruntled employee, not liked or respected by people I spoke to and who, with his attitude, should no longer be working for our government!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 14, 2020
Nos Estados Unidos, o número total de óbitos associados à doença Covid-19 é de 210.774 e o número de casos de infeção confirmados é de 7.495.165, até esta quarta-feira. O Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde da Universidade de Washington, cujos modelos de evolução da pandemia são frequentemente referidos pela Casa Branca, estimou que, nas eleições presidenciais, agendadas para 3 de novembro, os Estados Unidos vão chegar às 240 mil mortes, e em 31 de dezembro às 370 mil.