O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, tem sido muito crítico da administração norte-americana, tendo por diversas vezes acusado o governo de Donald Trump de ser responsável pelo elevado número de mortes naquele Estado. Agora, num novo livro, o democrata volta a acusar o presidente norte-americano de negligência nos primeiros meses da pandemia, o que levou "ao maior falhanço em detetar um ataque inimigo desde o Pearl Harbor".
A comparação com Pearl Harbor - o mortífero ataque surpresa do Japão na frota marítima americana no Havai, em dezembro de 1941 - está num capítulo que se refere a 16 de março, três dias antes de Trump ter confessado ao jornalista Bob Woodward que estava a menorizar a gravidade da pandemia de forma deliberada para não causar pânico.
Cuomo explica, ainda, que recorre a entrevistas televisivas frequentemente porque diz que é a única forma de o presidente ouvir.
O responsável afirma que ligou ao presidente em março e que lhe disse que "não estava a tentar concorrer contra ele", depois de ser acusado de tentar criar polémica para aumentar a sua popularidade e concorrer às eleições presidenciais, que se realizarão a 3 de novembro.
"Eu não estou a concorrer a nada. A única coisa que me interessa é ajudar as pessoas de Nova Iorque nesta crise", acrescentou, citado pelo Guardian.
No livro, que é intitulado 'American Crisis: Leadership Lessons from the Covid-19 Pandemic' (Crise Americana: Lições de Liderança da Pandemia de Covid-19) e que será oficialmente lançado na próxima semana, Cuomo descreve o presidente e o governo norte-americanos como complacentes e desinteressados na luta de vários Estados, estando apenas preocupados com o próprio ganho político, algo que se revela, maioritariamente, através dos esquemas para reabrir a economia.
Cuomo, do Partido Democrata, e Trump, líder do Partido Republicano, têm estado envolvidos em vários confrontos verbais há meses. O último aconteceu a 2 de setembro, quando o presidente ameaçou cortar os fundos federais a cidades onde se registaram notáveis protestos contra o racismo, incluindo Nova Iorque, Washington, Seattle e Portland, Oregon, governadas pela oposição democrática e rotuladas como "jurisdições anarquistas".
De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, Nova Iorque contabiliza mais de 467 mil casos dos 7,5 milhões reportados nos Estados Unidos, e mais de 25 mil mortes entre as mais de 210 mil no país.
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