O ministro da Habitação e Comunidades, Robert Jenrick, disse hoje à BBC que o plano do Governo representa uma "intervenção firme" que teve em conta os conselhos dos cientistas para conter a crescente transmissão do coronavírus no país.
Porém, acrescentou, "também temos de equilibrar isso com o efeito sobre a economia, empregos e meios de subsistência das pessoas, sobre a educação, à qual damos prioridade, e todas as outras consequências indesejadas", como o impacto na saúde mental ou atrasos em intervenções cirúrgicas.
A taxa de desemprego no Reino Unido continuou a subir nos três meses entre junho e agosto para 4,5% em média, contra 4,1% entre maio e julho, mas os economistas avisam que o pior ainda está por vir.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, revelou o novo sistema primeiro no parlamento e depois numa conferência de imprensa transmitida pela televisão, colocando a cidade de Liverpool na categoria de maior risco.
Aplicando-se a áreas onde as taxas de transmissão causam mais preocupação, o nível de alerta máximo determina o encerramento de 'pubs' e bares exceto para servir refeições e proíbe a socialização entre pessoas de agregados familiares diferentes em espaços interiores e jardins privados.
O segundo nível mais alto reflete muitas das restrições locais atuais em vigor em partes do norte e centro de Inglaterra, nomeadamente a interdição de socializar em espaços fechados, mas permite ajuntamentos de até seis pessoas ao ar livre.
O nível médio, que é também o mais baixo dos três, abrange atualmente a maior parte do país onde se aplicam as medidas nacionais, nomeadamente o limite de grupos até seis pessoas em espaços fechados ou abertos, e o encerramento de bares e restaurantes às 22:00.
Estas últimas restrições foram anunciadas há três semanas, quando os assessores médicos e científicos do Governo recomendaram medidas mais duras, incluindo um confinamento de duas a três semanas para funcionar como "disjuntor" e interromper as taxas de infeção que aumentavam rapidamente.
Um relatório do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências [SAGE] datado de 21 de setembro e publicado na segunda-feira à noite sugeria ainda a proibição a nível nacional de socialização entre núcleos familiares diferentes, o encerramento de bares, cafés e restaurantes e passar todas as aulas do ensino superior para a Internet.
Porém, das sugestões o primeiro-ministro apenas aceitou a de recomendar o teletrabalho.
O deputado do Partido Trabalhista, Jonathan Ashworth, ministro sombra da Saúde, qualificou o conteúdo do relatório como "alarmante" e reiterou o receio do principal partido da oposição de que as novas anunciadas não sejam suficientes.
"O governo agora precisa explicar com urgência por que ignorou os seus próprios cientistas e o que vai fazer para retomar o controlo do vírus", vincou.
O novo sistema de restrições, introduzido para uniformizar e simplificar os diferentes grupos de restrições em vigor em diferentes localidades afetadas por taxas elevadas de infeção, vai ser debatido e votado esta tarde no parlamento.
Cerca de 20 deputados conservadores manifestaram reservas sobre mais restrições, mas seriam necessários mais para conseguir bloquear a legislação.
Uma sondagem da empresa YouGov indica que 40% dos britânicos considera as novas medidas insuficientes e só 15% pensam que vão longe demais, mas a maioria (64%) julga que o Governo não tem um plano claro para combater a pandemia covid-19.
Na segunda-feira, o Reino Unido registou mais 13.972 novas infeções e 50 mortes de covid-19, somando desde o início da pandemia 617.688 casos de infeção e 42.875 óbitos confirmados.
Em média, nos últimos sete dias foram registadas 14.600 infeções diárias, bem como 615 hospitalizações [exceto Escócia] e 72 mortes por dia.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e setenta e sete mil mortos e mais de 37,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.094 pessoas dos 87.913 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.