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Covid-19: Governo britânico defende novas restrições apesar das críticas

O Governo britânico defendeu hoje o novo sistema de três níveis de restrições para travar a pandemia de covid-19 apresentado na véspera, apesar de os assessores científicos do governo terem recomendado medidas mais duras há três semanas.

Covid-19: Governo britânico defende novas restrições apesar das críticas
Notícias ao Minuto

12:56 - 13/10/20 por Lusa

Mundo Covid-19

O ministro da Habitação e Comunidades, Robert Jenrick, disse hoje à BBC que o plano do Governo representa uma "intervenção firme" que teve em conta os conselhos dos cientistas para conter a crescente transmissão do coronavírus no país.

Porém, acrescentou, "também temos de equilibrar isso com o efeito sobre a economia, empregos e meios de subsistência das pessoas, sobre a educação, à qual damos prioridade, e todas as outras consequências indesejadas", como o impacto na saúde mental ou atrasos em intervenções cirúrgicas.

A taxa de desemprego no Reino Unido continuou a subir nos três meses entre junho e agosto para 4,5% em média, contra 4,1% entre maio e julho, mas os economistas avisam que o pior ainda está por vir.

O primeiro-ministro, Boris Johnson, revelou o novo sistema primeiro no parlamento e depois numa conferência de imprensa transmitida pela televisão, colocando a cidade de Liverpool na categoria de maior risco.

Aplicando-se a áreas onde as taxas de transmissão causam mais preocupação, o nível de alerta máximo determina o encerramento de 'pubs' e bares exceto para servir refeições e proíbe a socialização entre pessoas de agregados familiares diferentes em espaços interiores e jardins privados. 

O segundo nível mais alto reflete muitas das restrições locais atuais em vigor em partes do norte e centro de Inglaterra, nomeadamente a interdição de socializar em espaços fechados, mas permite ajuntamentos de até seis pessoas ao ar livre.  

O nível médio, que é também o mais baixo dos três, abrange atualmente a maior parte do país onde se aplicam as medidas nacionais, nomeadamente o limite de grupos até seis pessoas em espaços fechados ou abertos, e o encerramento de bares e restaurantes às 22:00.

Estas últimas restrições foram anunciadas há três semanas, quando os assessores médicos e científicos do Governo recomendaram medidas mais duras, incluindo um confinamento de duas a três semanas para funcionar como "disjuntor" e interromper as taxas de infeção que aumentavam rapidamente.

Um relatório do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências [SAGE] datado de 21 de setembro e publicado na segunda-feira à noite sugeria ainda a proibição a nível nacional de socialização entre núcleos familiares diferentes, o encerramento de bares, cafés e restaurantes e passar todas as aulas do ensino superior para a Internet.

Porém, das sugestões o primeiro-ministro apenas aceitou a de recomendar o teletrabalho

O deputado do Partido Trabalhista, Jonathan Ashworth, ministro sombra da Saúde, qualificou o conteúdo do relatório como "alarmante" e reiterou o receio do principal partido da oposição de que as novas anunciadas não sejam suficientes. 

"O governo agora precisa explicar com urgência por que ignorou os seus próprios cientistas e o que vai fazer para retomar o controlo do vírus", vincou. 

O novo sistema de restrições, introduzido para uniformizar e simplificar os diferentes grupos de restrições em vigor em diferentes localidades afetadas por taxas elevadas de infeção, vai ser debatido e votado esta tarde no parlamento.

Cerca de 20 deputados conservadores manifestaram reservas sobre mais restrições, mas seriam necessários mais para conseguir bloquear a legislação.

Uma sondagem da empresa YouGov indica que 40% dos britânicos considera as novas medidas insuficientes e só 15% pensam que vão longe demais, mas a maioria (64%) julga que o Governo não tem um plano claro para combater a pandemia covid-19. 

Na segunda-feira, o Reino Unido registou mais 13.972 novas infeções e 50 mortes de covid-19, somando desde o início da pandemia 617.688 casos de infeção e 42.875 óbitos confirmados.  

Em média, nos últimos sete dias foram registadas 14.600 infeções diárias, bem como 615 hospitalizações [exceto Escócia] e 72 mortes por dia. 

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e setenta e sete mil mortos e mais de 37,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.094 pessoas dos 87.913 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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