Em comunicado, o CPJ adianta que pelo menos seis jornalistas e um trabalhador da comunicação social foram presos no sábado, em Luanda, durante protestos contra o Governo.
O CPJ cita notícias veiculadas e o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, com quem falou através de "uma aplicação de mensagens", para sublinhar que quatro ficaram detidos mais de dois dias, depois libertados sem acusação, e um outro jornalista "foi assediado na cobertura de protestos antigovernamentais".
"As autoridades angolanas devem deixar de assediar e deter jornalistas que estão simplesmente a fazer o seu trabalho e devem permitir-lhes que reportem livremente", acentuou a coordenadora do programa África do CPJ, Ângela Quintal.
De acordo com a CPJ, o diretor do grupo privado GEM Angola Global Media, Evaristo Mulaza, transmitiu que a polícia obrigou dois jornalistas da Rádio Essencial, Suely de Melo e Carlos Tomé, o fotógrafo Santos Samuesseca, da publicação Valor Económico, e o seu motorista, Leonardo Faustino, a saírem do carro enquanto faziam a cobertura dos protestos, apesar de se terem identificado.
"A polícia espancou os jornalistas e apreendeu os seus telemóveis e uma câmara fotográfica", acrescenta a CPJ, segundo informações de Mulaza.
Na nova hoje divulgada, a diretora executiva do Valor Económico e da publicação Nova Gazeta, Geralda Embalo, o equipamento dos jornalistas não foi ainda devolvido.
Mulaza acrescenta que os jornalistas e o motorista foram interrogados por um promotor público e libertados sem que nenhum funcionário tenha explicado porque é que os quatro tinham passado mais de 50 horas sob custódia policial.
O CPJ menciona um outro incidente, com dois jornalistas da TV Zimbo, Domingos Caiombo e Octávio Zoba, detidos e forçados a apagar as suas imagens do protesto em 24 de outubro, antes de serem libertados no mesmo dia sem acusação.
"Num outro incidente, dois jornalistas, os 'freelancers' Osvaldo Silva e Nsimba Jorge, que colaboram com a agência noticiosa francesa AFP, foram agredidos e assediados pela polícia durante os protestos, segundo os dois jornalistas", acrescenta o CPJ, no mesmo comunicado.
A tentativa de uma manifestação organizada por jovens da sociedade civil, com apoio de dirigentes do maior partido da oposição angolana - União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) - e de outras forças da oposição, foi frustrada pelas autoridades, tendo resultado em 103 detenções, ferimentos de polícias, e de manifestantes em números não revelados, além da destruição de meios das forças da ordem.
A marcha visava reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola.