O dia das eleições norte-americanas foi ontem, terça-feira, mas hoje, a esta altura, ainda não é possível dizer quem ganhou. O resultado será decidido com a contagem dos boletins de voto que ainda estão por apurar, algo que já se previa que poderia acontecer, e que poderá abrir caminho a incerteza nas presidenciais dos Estados Unidos.
Às 2h20 da madrugada (7h20 em Lisboa), Joe Biden e Donald Trump estavam demasiado próximos no número de delegados no Colégio Eleitoral - com vários estados-chave ainda com milhões de votos por contar - para poder fazer uma previsão fiável de um vencedor. A CNN projeta 220 grandes eleitores para o candidato democrata e 213 para o candidato republicano, enquanto que o New York Times lança uma margem de 225 para 213, respetivamente.
Resultados nos estados-chave
O atual presidente dos Estados Unidos venceu as eleições na Florida (29 delegados), um estado crucial para a reeleição, e desta vez com uma margem maior do que a que conseguiu em 2016, contra Hillary Clinton. Trump conseguiu também assegurar o estado de Ohio (18 delegados). Joe Biden, por outro lado, venceu no Minnesota, garantindo 10 delegados.
A partir daqui, dentro dos estados mais importantes para garantir a entrada na Casa Branca, ainda não é possível fazer determinações. A Carolina do Norte e a Georgia têm mais de 90% dos votos apurados e dão vantagem a Trump. O Arizona tem 80% dos votos contados e dá vantagem a Biden. A Pensilvânia, o Wisconsin e o Michigan têm entre 60% a 80% dos votos contados e todos têm o líder republicano à frente, mas com muitos votos por contar. A decisão sobre o próximo presidente norte-americano irá recair, precisamente, sobre estes três estados.
O estado do Texas (38 delegados), bastião republicano, começou com algumas incertezas, mas acabou por dar vitória a Trump, ao passo que Biden conseguiu manter a vantagem na Califórnia (55 delegados), em Nova Iorque (29 delegados) e no Illinois (20 delegados).
Joe Biden "confiante", Trump diz que ganhou "em grande"
O primeiro candidato presidencial a falar foi Joe Biden, pouco depois da 1h00 (5h00 em Lisboa), onde se dirigiu ao país com uma mensagem otimista, que apelava à paciência dos cidadãos. "Acredito que estamos encaminhados para ganhar esta eleição", indicou o democrata, sublinhando que o voto antecipado sem precedentes já indicava que os resultados seriam demorados. "Temos que ser pacientes, até que termine o duro trabalho de contar os votos, até que cada boletim de voto esteja contado", afirmou, junto à sua sede de campanha, em Wilmington, no estado de Delaware.
O democrata, sabendo que a sua vitória depende dos votos que ainda estão por contar, tentou tirar crédito à ideia de um anúncio de vencedor antecipado - uma possibilidade que foi considerada por alguns analistas, tendo em conta as críticas de Donald Trump ao facto de não se anunciar um vencedor no próprio dia das eleições.
It's not my place or Donald Trump's place to declare the winner of this election. It's the voters' place.
— Joe Biden (@JoeBiden) November 4, 2020
O atual presidente, Donald Trump, viu esta declaração como uma tentativa de "roubar" a eleição. "Estamos à frente em grande, mas estão a tentar ROUBAR a eleição. Nunca iremos deixá-lo. Os votos não podem ser feitos depois das urnas fechadas", escreveu Donald Trump no Twitter, segundos após o final do discurso (um 'tweet' que foi entretanto sinalizado pela rede social). Numa publicação anterior, Trump prometeu fazer uma declaração para breve e acabou com a declaração: "Uma grande vitória!".
We are up BIG, but they are trying to STEAL the Election. We will never let them do it. Votes cannot be cast after the Polls are closed!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 4, 2020
O presidente incumbente foi mais longe no seu discurso, que fez por volta das 2h30 (7h30 em Lisboa). "Estávamos prontos para ganhar esta eleição... e ganhamos esta eleição", disse, uma afirmação que não é verdadeira, uma vez que ainda há milhões de votos por contar. "Eu previ isto: não iam ganhar e iam levar-nos para tribunal. Isto é uma fraude ao povo americano", acrescentou, indicando que irá recorrer ao Supremo Tribunal, tentando retirar legitimidade aos votos ainda por contar.
President Trump on delayed election results: “This is a major fraud on our nation. This is an embarrassment to our country.”“We'll be going to the U.S. Supreme Court." pic.twitter.com/nE5YlvfMrv
— Kyle Morris (@RealKyleMorris) November 4, 2020
"Não queremos que descubram votos às 4h da manhã e os acrescentem. Para mim é uma fraude", indicou, parecendo ignorar que os votos foram feitos até terça-feira e que podem ser contados até vários dias depois.