"Os votos devem ser todos contados": As reações ao discurso de Trump
Comentadores e meios de comunicação social consideram que Trump se antecipou ao declarar vitória antes de os votos terem sido todos contados. "Esta é uma situação extremamente inflamável e o Presidente acabou de lhe atirar um fósforo para cima".
© Reuters
Mundo EUA
No seu discurso pós-eleições, esta madrugada (7h30 em Portugal Continental), Donald Trump declarou "vitória" antecipadamente, defendendo que está a assistir-se a uma fraude para que este não vença as eleições. As acusações de Trump referem-se ao facto de defender que a contagem de votos em alguns estados já deveria estar encerrada, dando-lhe assim a vitória nesses mesmos territórios.
Uma opinião que é refutada por muitos.
Jen O’Malley Dillon, diretora de campanha de Joe Biden, reagiu afirmando que não é Trump "quem decide o resultados destas eleições", nem Joe Biden.
"São os americanos que decidem estas eleições. E o processo democrático deve e vai continuar até que se chegue a um resultado", afirmou, segundo a Fox News.
Benjamin L. Ginsberg, um famoso advogado republicano, afirmou que Trump deve deixar "que todos os votos sejam contados". Segundo este, se houver objeções "quanto aos boletins de voto ou quanto ao processo [de contagem]" estes podem ser contestados, sobretudo se as margens de voto foram muito próximas. Contudo, salientou, na antena da CNN, que "um presidente que quer retirar o direito de voto a boletins de voto que foram legalmente lançados - é realmente extraordinário".
Já o também advogado republicano Ben Ginsberg manifestou consternação perante os ataques de Trump aos esforços legítimos de contagem de votos, dizendo nunca ter visto um Presidente "comportar-se de tal forma".
"O que o Presidente disse esta noite não tem precedentes e não carece de qualquer base na lei, além de que é um mau serviço para todos os homens e mulheres republicanos que estão hoje nas mesas de voto", atirou.
Chris Christie, antigo governador do Partido Republicano de Nova Jersey e aliado próximo de Trump, disse que todos os votos pendentes devem ser contados. "Todos estes votos têm de ser contados... Esta noite não era o momento para usar este argumento", disse Christie no ABC News. "Discordo do que ele fez hoje à noite".
Media (também repreendem) Trump
Os meios de comunicação social norte-americanos também repreenderam Donald Trump, por ter dito na televisão que já tinha sido reeleito, apesar de os votos ainda estarem a ser contados.
Norah O'Donnell, da CBS News, disse que Trump estava "a castrar os factos" ao "alegar falsamente ter ganhado a eleição" e "a retirar direitos a milhões de eleitores cujos votos ainda não foram contados".
"Donald Trump está a perder tanto nos votos populares como nos votos eleitorais e ainda há muitos estados para contabilizar", alertou George Stephanopoulos, da ABC News.
"O ponto chave desta questão é que ainda não sabemos quem ganhou a eleição", sublinhou Guthrie, da NBC News, interrompendo o discurso de Trump para dizer aos telespetadores que várias das declarações do candidato republicano não eram verdadeiras.
Também a Associated Press lembrou que ainda é cedo para declarar um vencedor, sobretudo porque falta saber quem ganhou em estados como a Pensilvânia, a Geórgia e o Michigan.
O discurso do Presidente, depois de ser conduzido a um pódio ao som de 'Hail to the Chief' [saudação ao chefe], recebeu críticas até de 'media' normalmente amigáveis.
"Esta é uma situação extremamente inflamável e o Presidente acabou de lhe atirar um fósforo para cima", disse Chris Wallace, da Fox News Channel.
A sua colega da Fox e ex-assessora do governo de George W. Bush, Dana Perino, considerou mesmo que Trump "foi longe demais", enquanto o comentador conservador Ben Shapiro divulgou uma mensagem no Twitter referindo ser "profundamente irresponsável" Trump reivindicar a vitória.
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