Perante jornalistas e apoiantes reunidos na Casa Branca, o Presidente afirmou, às 02:20 da manhã (07:20 em Lisboa), estar a enfrentar uma "grande fraude contra a nação" por não ter sido ainda declarado vencedor.
"No que me diz respeito, já vencemos", disse.
Mal as declarações foram feitas, os jornalistas de televisão começaram a refutar as afirmações.
Norah O'Donnell, da CBS News, disse que Trump estava "a castrar os factos" ao "alegar falsamente ter ganhado a eleição" e "a retirar direitos a milhões de eleitores cujos votos ainda não foram contados".
"Donald Trump está a perder tanto nos votos populares como nos votos eleitorais e ainda há muitos estados para contabilizar", alertou George Stephanopoulos, da ABC News.
"O ponto chave desta questão é que ainda não sabemos quem ganhou a eleição", sublinhou Guthrie, da NBC News, interrompendo o discurso de Trump para dizer aos telespetadores que várias das declarações do candidato republicano não eram verdadeiras.
Também a Associated Press lembrou que ainda é cedo para declarar um vencedor, sobretudo porque falta saber quem ganhou em estados como a Pensilvânia, a Geórgia e o Michigan.
O momento foi "explosivo", já que o país estava há várias horas na incerteza e os meios de comunicação advertiram, durante semanas, que os norte-americanos teriam de ser pacientes e esperar por uma vitória definitiva de Biden ou Trump, tendo repetidamente sublinhado o apelo durante a cobertura da noite eleitoral.
Cerca das 00:40 locais (17:40 em Lisboa), Biden disse aos seus apoiantes, em Delaware, estar confiante na sua campanha, referindo, no entanto, que queria ver todos os votos contados.
"Mantenham a fé, rapazes, vamos vencer isto", afirmou Biden.
Trump respondeu imediatamente, publicando um 'tweet' no qual dizia que estava "em GRANDE", mas que es democratas estavam "a tentar ROUBAR a eleição".
"Nós não os vamos deixar fazer isso", sublinhava na mensagem.
O discurso do Presidente, depois de ser conduzido a um pódio ao som de "Hail to the Chief" [saudação ao chefe], recebeu críticas até de 'media' normalmente amigáveis.
"Esta é uma situação extremamente inflamável e o Presidente acabou de lhe atirar um fósforo para cima", disse Chris Wallace, da Fox News Channel.
A sua colega da Fox e ex-assessora do governo de George W. Bush, Dana Perino, considerou mesmo que Trump "foi longe demais", enquanto o comentador conservador Ben Shapiro divulgou uma mensagem no Twitter referindo ser "profundamente irresponsável" Trump reivindicar a vitória.
A equipa do Presidente já estava zangada com a Fox News por ter sido a primeira estação a anunciar que Biden tinha derrotado Trump no estado do Arizona, "trocando de cor" em relação a 2016.
O Presidente também expressou raiva em relação à imprensa por não o declarar vencedor na Geórgia e na Carolina do Norte, tendo John King, da CNN, explicado que ainda havia dúvidas, uma vez que estavam a ser contados votos em regiões onde se esperava que Biden se saísse bem.
Donald Trump acabou por ameaçar, no seu discurso, recorrer ao Supremo para tentar parar a contagem de votos.
"Vamos recorrer para o Supremo Tribunal e tentar parar a contagem de votos", disse Trump, numa declaração feita na Casa Branca, perante uma audiência dos seus apoiantes.
A equipa do candidato democrata, Joe Biden, reagiu, afirmando que vai contrariar quaisquer esforços do rival republicano de recorrer ao Supremo Tribunal para parar a contagem de votos.
Numa declaração, a candidatura democrata disse que a ameaça de Trump de recorrer ao Supremo Tribunal é "escandalosa, sem precedentes e incorreta".
Segundo projeções dos principais 'media' norte-americanos, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, está à frente do Presidente norte-americano, Donald Trump, com 236 delegados contra 213 no Colégio Eleitoral.