EUA. Observadores externos não detetam qualquer prova de fraude eleitoral
O chefe da delegação internacional que monitorizou as eleições nos EUA disse hoje que a sua equipa não tem qualquer evidência que sustente as alegações do Presidente Donald Trump sobre fraude eleitoral.
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Michael George Link, um legislador alemão que chefia uma missão da Organização de Segurança e Cooperação Europeia (OSCE), disse hoje que no dia das eleições não detetou "nenhuma violação" das regras eleitorais nos locais visitados.
Link disse ainda que ficou "muito surpreendido" com as alegações de Trump sobre fraude nos boletins de votos, explicando que os Estados Unidos têm uma longa tradição de métodos de votação, que remonta ao século 19.
"Nós averiguámos isso. Não encontrámos nenhuma violação das regras", garantiu Link, durante uma entrevista a uma estação pública de rádio da Alemanha.
O chefe da missão da OSCE disse que nem os observadores eleitorais nem os meios de comunicação social detetaram qualquer evidência de fraude, embora a sua equipa tenha repetido preocupações de longa data sobre a privação de direitos de alguns eleitores, bem como sobre os efeitos distorcivos das leis de financiamento de campanha.
Link disse que houve alguns casos de erros, "mas nenhuma interferência sistémica ou mesmo manipulação com as os boletins de voto enviados por correio", rejeitando a tese de Donald Trump.
Numa outra entrevista, ao jornal alemão Stuttgarter Zeitung, Link acusou mesmo Trump de "abusos flagrantes do poder" por ter exigido a suspensão da contagem dos votos antes do fim do processo.
"O que verdadeiramente preocupa é que o chefe de Estado norte-americano tenha exigido o fim da contagem dos votos no meio do aparato presidencial da Casa Branca, isto é, com todos os emblemas de poder em redor, por causa de sua suposta vitória. É um abuso flagrante de poder", denunciou.
A OSCE teme, agora, as consequências de longo prazo para a opinião pública norte-americana do questionamento do processo eleitoral, com risco de radicalização.
"A principal preocupação é a de que os Estados Unidos não se consigam livrar dos fantasmas que Trump invocou. Mesmo que admita a derrota e que deixa o cargo, como deveria, os seus partidários, incitados pela retórica, podem ver na violência um instrumento legítimo, pois já não se sentirão representados democraticamente", disse.
"É um perigo que persistirá bem para lá do dia das eleições", concluiu.
Já na quarta-feira, a OSCE, num comunicado assinado por Link, tinha tecido críticas à atuação de Trump, sobretudo ligadas às acusações "infundadas de deficiências sistemáticas" feitas sobre o processo eleitoral norte-americano, nomeadamente pelo Presidente dos Estados Unidos, indicando que prejudicaram a confiança do público nas instituições democráticas antes, durante e após a votação de terça-feira.
"Depois de uma campanha tão dinâmica, garantir que todos os votos sejam contados é uma obrigação fundamental para todos os ramos do Governo", escreveu então no documento o coordenador especial e líder da missão de observação de curto prazo do organismo europeu.
O Presidente alertou, durante semanas, para os riscos de uma votação por correspondência, dizendo que ela é propensa a fraudes.
Na manhã de quarta-feira, com a sua vantagem em estados importantes a esfumar-se, Trump afirmou que havia um esquema montado por parte dos democratas para "roubar a eleição".
"Isso é uma coisa que precisa ser descrita como quebra de um tabu", disse Link sobre o esforço de Trump para travar a contagem.
"Ele não tem o direito nem a competência para fazer isso. A responsabilidade pela contagem é exclusivamente dos estados", explicou Link.
A OSCE, com sede em Viena, da qual os Estados Unidos são membros, realiza missões de observação em eleições importantes em todos os seus países membros.
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