Governo espanhol cria plano contra a desinformação e recusa censura

O Governo espanhol criou um mecanismo para combater a "desinformação", o que provocou duras críticas dos partidos de direita que receiam que o executivo queira controlar os meios de comunicação social.

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Lusa
06/11/2020 10:11 ‧ 06/11/2020 por Lusa

Mundo

Espanha

A disposição cria uma Comissão Permanente contra a desinformação coordenada pelo Governo e estabelece diferentes graus de resposta em função da procedência das notícias falsas ou enganosas.

Agir contra a desinformação e "a disseminação deliberada, em larga escala e sistemática de mensagens falsas" que "procuram influenciar a sociedade para fins egoístas e espúrios" é o objetivo do mecanismo criado, de acordo com o texto publicado na quinta-feira no Boletim Oficial do Estado (o equivalente espanhol ao Diário da Repúblicas portuguesa).

A disposição baseia-se no facto de o acesso à informação verdadeira ser um dos pilares das sociedades democráticas e de "a liberdade de expressão e o direito à informação serem consagrados como direitos fundamentais", e para garantir isso cria um mecanismo de controlo composto essencialmente por departamentos governamentais.

O plano permitiria, se considerado necessário, conduzir campanhas públicas de comunicação lideradas pela Secretaria de Estado da Comunicação, a fim de conter a desinformação detetada.

O projeto que levou à criação de um sistema nacional para a prevenção, deteção, alerta, monitorização e resposta a esta prática tomou como ponto de partida o Plano de Ação contra a desinformação aprovado pelo Conselho Europeu de 2018, que apela a uma ação coordenada por parte dos Estados-membros para combater a desinformação.

As reações negativas contra estas medidas começaram por vir do presidente do Partido Popular (direita), Pablo Casado, que denunciou o Governo por ter aprovado uma ordem para "vigiar" os meios de comunicação social e "perseguir" o que o gabinete do primeiro-ministro, Pedro Sánchez considera ser "desinformação".

O líder do partido de extrema-direita Vox, Santiago Abascal, também criticou, através das redes sociais, uma medida com a qual "o tirano Sánchez está a instalar a censura".

O Governo espanhol negou categoricamente estas acusação e salientou que o objetivo não é "em caso algum" limitar "o direito livre e legítimo dos meios de comunicação social de oferecerem as suas informações" ou de as controlarem ou censurarem.

Na sequência das críticas, o executivo espanhol salientou que o seu plano contra a desinformação "não irá em caso algum controlar, censurar ou limitar o direito livre e legítimo dos meios de comunicação social de oferecer as suas informações".

O executivo insiste que o mecanismo criado é uma resposta direta ao pedido da União Europeia para desenvolver planos nacionais coordenados contra a desinformação, e que a Espanha tinha criado o seu próprio em 2018.

De acordo com o Governo minoritário espanhol formado pelo Partido Socialista (PSOE) e o Unidas Podemos (extrema-esquerda), o objetivo do plano era e continua a ser abordar a desinformação e as campanhas que possam afetar a segurança dos cidadãos ou a estabilidade das instituições, especialmente durante os processos eleitorais.

Madrid acrescenta que o procedimento publicado procura "evitar interferências estrangeiras nos processos eleitorais, bem como detetar campanhas promovidas a partir do estrangeiro que possam prejudicar os interesses nacionais".

 

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