"Sou e sempre fui um homem de paixões: na vida pessoal, na política, no estudo e ensino do Direito, na poesia e no futebol", disse o chefe de Estado cabo-verdiano à agência Lusa, a propósito deste que é o quarto doutoramento Honoris Causa que recebe.
A 11 meses de terminar as suas funções de Presidente da República, recorda que a política preencheu "uma boa parte" da sua vida, desde os 17 anos.
"A partir dos anos 80, tive uma paixão muito grande e dediquei-me ao estudo e ao ensino do Direito Penal, em Lisboa, em Macau, criei em Cabo Verde a primeira escola superior de direito, lecionei Direito Penal...", recordou.
A poesia acompanhou-o desde adolescente, no âmbito de um "gosto pelas letras" que nunca perdeu, tendo já publicado cinco livros e participado em variadas obras coletivas.
O futebol, que praticou em jovem no Vitoria Futebol Clube e como guarda-redes no Uruguaio (cidade da Praia), também lhe ocupa um lugar especial no coração, com muitas arritmias por causa da despromoção dos Tubarões Azuis, mas também da descida de divisão do Vitória de Setúbal e os altos e baixos do Benfica.
Mas é a política que mais dores de cabeça lhe causa: "Em democracia, temos que lidar com milhares de pessoas, segmentos sociais diferenciados. Felizmente as pessoas não são todas da mesma opinião e uma das funções do Presidente da República é precisamente garantir o funcionamento das instituições democráticas e a estabilidade do país".
Congratula-se, por isso, com a avaliação na ordem dos 90% que os cabo-verdianos inquiridos lhe dão.
E foi precisamente a vasta dimensão da atuação de Jorge Carlos Fonseca que este o título atribuído pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique pretendeu reconhecer, como explicou à Lusa o reitor da instituição, Sebastião Feyo.
A escolha levou em conta "a notabilíssima dimensão a vários níveis do Presidente Jorge Carlos Fonseca, como estadista, profissional de direito, na cultura, na lusofonia", disse.
Para o reitor da pela Universidade Portucalense, onde estudam atualmente 12 alunos cabo-verdianos, Jorge Carlos Fonseca "exerceu sempre as suas funções a pensar na condição humana, nos direitos humanos".
E sublinhou a forma como o chefe de Estado cabo-verdiano" tem abraçado "temas humanistas, de grande dimensão", contando, para isso, com o seu "vasto conhecimento na área do direito".
A universidade não tem planos de abrir um polo em Cabo Verde, mas tenciona estreitar ainda mais as "relações com Cabo Verde", a par do trabalho que desenvolve com África.
Para Jorge Carlos Fonseca, que foi surpreendido com a atribuição do título, este "é sempre um motivo de orgulho e satisfação".
O chefe de Estado cabo-verdiano tem recebido várias distinções, como o Grande Colar da Ordem da Liberdade, pelo Estado Português, em 10 de abril de 2017, e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, a 23 de novembro de 2017. É também Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Ouro Preto, distinção atribuída em 21 de agosto de 2019, e Doutor Honoris Causa pela Universidade Cheikh Anta Diop do Senegal, desde 06 de dezembro de 2019.