O juiz Luis Roberto Barroso afirmou que os sistemas informáticos do tribunal registaram na manhã de domingo 436 mil tentativas de acesso por segundo, num claro ataque de redes mundiais de pirataria cibernética para tentar derrubar o sistema.
De acordo com o presidente do TSE, os ataques em massa foram provenientes de Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia, mas frisou que as investidas não conseguiram ultrapassar as barreiras de segurança do sistema de informática do tribunal.
"O ataque não conseguiu romper as nossas barreiras e foi devidamente repelido pelos nossos mecanismos de segurança", declarou Barroso.
No entanto, o ataque levou a um problema técnico num dos núcleos do supercomputador do sistema eleitoral, o que acabou por causar um atraso na contagem dos votos e na divulgação do escrutínio das eleições municipais de domingo, nas quais quase 148 Milhões de eleitores brasileiros foram chamados a renovar os autarcas das 5.567 cidades do país.
Barroso disse ter pedido à Polícia Federal a abertura de uma investigação ao ciberataque, para tentar identificar os seus autores e apurar se têm ligações com os grupos de piratas informáticos que bloquearam este mês o sistema do Superior Tribunal de Justiça.
Da mesma forma, para tentar identificar se os autores têm vínculos a militantes políticos ligados à extrema-direita no Brasil e que são investigados por "envios massivos" de notícias falsas nas eleições presidenciais de 2018.
Além disso, o magistrado também pediu à Polícia Federal que investigue uma suposta falha no sistema que permitiu o vazamento de dados pessoais de funcionários que trabalhavam para o tribunal há dez anos.
Barroso afirmou que a fuga desses dados foi verificada antes das eleições e do ataque cibernético e que, apesar de se tratar de informações que não são relevantes devido à sua data, é necessário estabelecer como ocorreu.
De acordo com a autoridade eleitoral, os dados colhidos indevidamente foram divulgados no domingo, numa clara tentativa de desacreditar o sistema de informática do tribunal.
"Assim que os dados foram divulgados, as milícias digitais começaram imediatamente a tentar desacreditar o sistema. Há suspeitas de uma articulação de grupos extremistas que estão empenhados em desacreditar as instituições e clamam pelo regresso da ditadura ao Brasil. Muitos deles já estão a ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal", afirmou o juiz.
A Polícia Federal brasileira identificou Portugal como a origem do ataque cibernético ao sistema informático do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, ocorrido antes de 23 de outubro, e que levou à fuga de dados de antigos funcionários do tribunal.
Ao ser questionado sobre a demora do TSE em divulgar ao resultado das eleições no domingo, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, voltou a questionar a segurança do sistema de votação eletrónica do país e defendeu o regresso ao voto em papel.
O chefe de Estado da extrema-direita é um crítico de longa data do voto eletrónico e já denunciou fraudes em diferentes eleições, mas nunca apresentou indícios ou provas das suas acusações.