Cabo Verde bate recorde com quase 144 mil ninhos de tartarugas este ano

Cabo Verde bateu este ano o recorde com quase 144 mil ninhos de tartarugas registados em todas as ilhas, segundo dados avançados à Lusa pelo diretor nacional do Ambiente, que notou igualmente uma redução de capturas.

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Lusa
25/11/2020 17:16 ‧ 25/11/2020 por Lusa

Mundo

Tratarugas

Alexandre Nevsky Rodrigues disse que os dados provisórios da campanha de 2020 apontam para um registo de 143.930 ninhos de tartarugas, mais do dobro dos 60.917 contabilizados no ano anterior.

"A campanha de 2020 está a ser a melhor de sempre em termos de números de ninhos registados", constatou o diretor nacional do Ambiente cabo-verdiano, referindo que, tradicionalmente, as ilhas da Boa Vista, Sal e Maio são as que contribuem com mais de 95% das desovas no país.

As estatísticas apontam que de mil ovos eclodidos, apenas uma tartaruga chega à vida adulta, mas o diretor nacional do Ambiente disse que as autoridades cabo-verdianas estão a criar condições para aumentar essa taxa.

"Aquilo que podemos fazer aqui na terra, vamos fazendo", garantiu Alexandre Nevsky, referindo que no mar já funciona a lei natural.

O segundo melhor ano de nidificação das tartarugas marinhas em Cabo Verde tinha sido em 2018, com um total de 109.126 ninhos registados, muito mais do que os 44.035 de 2017, os 30.470 do ano de 2016 e dos 10.725 no ano anterior.

Os mesmos dados provisórios apontam também para uma diminuição da captura de tartarugas marinhas este ano em Cabo Verde, com 1,61%, menor do que os 2,08% identificados no ano passado.

"A campanha de 2018, com 1,19%, foi a melhor em termos de redução de captura, efeito imediato da aprovação da legislação de proteção das tartarugas", salientou o responsável cabo-verdiano.

Alexandre Nevsky alertou que existe uma "probabilidade forte" de aumento de capturas durante a campanha deste ano devido aos efeitos da covid-19, que fez com que as associações tivessem menos voluntários internacionais na monitorização e menos capacidade de fiscalização através da Polícia Nacional e das Forças Armadas.

"Reforçamos as campanhas nas comunidades com ações de sensibilização porta a porta e colocação de 'outdoors' informativos", indicou Alexandre Nevsky, para quem mesmo com os constrangimentos provocados pela covid-19, os resultados desde ano "são excelentes".

Desde 2016 que as autoridades cabo-verdianas estão a financiar 11 associações comunitárias e organizações em todas as ilhas, e são monitorizadas cerca de 167 quilómetros de praias em todo o território nacional.

A campanha desde ano foi a que registou o maior número de fêmeas, estando neste momento em 28.786, mais do que as 11.406 do ano passado e das 21.825 de há dois anos.

Os dados acumulados desde 2015 apontam que a ilha da Boa Vista registou 248 mil ninhos, enquanto Sal teve cerca de 64 mil e Maio com quase 51 mil ninhos de desovas das tartarugas marinhas em cinco anos.

Nas declarações à Lusa, o diretor nacional do Ambiente aproveitou para apelar a toda a população para proteger as tartarugas marinhas em Cabo Verde, lembrando que são espécies em vias de extinção. "O trabalho que estamos a fazer será reconhecido também junto dos nossos doadores", enfatizou.

Cabo Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas desde 2018 está em vigor uma nova lei, que tipifica outros tipos de crime, nomeadamente o abate intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou desembarque, a exportação e o consumo.

A população de tartarugas marinhas 'Caretta caretta' de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos da América) e em Omã (Golfo Pérsico).

O período de desova desta espécie começa anualmente em 01 de junho, mas este ano devido à covid-19 algumas associações arrancaram mais tarde, e vai pelo menos até novembro.

 

 

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