Acordo de Paris: Mais ambição é principal expetativa para Glasgow
Mais ambição é a expetativa principal da conferência das partes (COP) que irá em novembro de 2021 rever em Glasgow os compromissos do Acordo de Paris para as alterações climáticas.
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Mundo Acordo de Paris
A COP 26 "herda" vários assuntos que têm ficado por resolver desde 2015, desde a definição de regras para os mercados globais de emissões ao objetivo de mobilização anual de 100 mil milhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a combater os efeitos das alterações climáticas.
Já na próxima semana, o Reino Unido (que organiza a conferência em parceria com a Itália), a França e as Nações Unidas, representadas pelo secretário-geral, António Guterres, promovem a Cimeira da Ambição Climática, em que se apela aos estados que apresentem as suas contribuições determinadas nacionalmente (CDN) para concretizar o acordo, celebrado há cinco anos.
A data desta Cimeira da Ambição é chave: 12 de dezembro é o quinto aniversário do acordo de Paris e fica a um ano do último dia previsto para a conferência das partes de Glasgow.
"Não haverá espaço para declarações genéricas", avisam os organizadores na página de Internet da Cimeira da Ambição, que reforçam o pedido para os países dizerem em concreto o que vão fazer para limitar o aquecimento global, ou seja, como vão adaptar as suas economias a um modelo que não dependa de combustíveis fósseis, como vão mitigar e limitar as emissões e quanto dinheiro vão pôr nessas estratégias.
O presidente da COP26, Alok Sharma, que é também secretário de Estado de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Governo britânico, avisou esta semana que "muitos apresentaram compromissos de neutralidade e esta ronda de CDN, que determina metas de reduções de emissões para 2030, terá que ser consistente com esses compromissos".
Essas contribuições são "o coração do acordo de Paris", afirmou, e só através delas se poderá "determinar se o mundo atingirá os objetivos de longo prazo: manter o aquecimento global abaixo dos dois graus centígrados acima da temperatura média da era pré-industrial e apontar para a meta ideal de 1,5 graus.
Até agora, mais de 120 países comprometeram-se com metas de neutralidade carbónica, que a concretizarem-se, representariam cerca de metade das emissões globais.
Um ano de atraso por causa da pandemia da covid-19 deverá permitir o regresso de um parceiro de peso: os Estados Unidos, desvinculados por Donald Trump, deverão ter assento em Glasgow já sob a nova administração do democrata Joe Biden, que tomará posse em janeiro próximo.
A presidente da última COP, realizada em Madrid em 2019, a chilena Carolina Schmidt, declarou que "a pandemia não adiou a necessidade de as partes cumprirem com o Acordo de Paris porque a crise climática não esteve de quarentena".
No final do mês passado, a Organização Meteorológica Mundial salientava que, apesar de milhares de milhões de pessoas terem estado em confinamento entre março e maio, na primeira fase da pandemia, e de muitos setores económicos terem paralisado, a concentração de dióxido de carbono e de outros gases com efeito de estufa na atmosfera não diminuiu, só cresceu ligeiramente mais devagar.
Este ano, as emissões deverão registar uma redução entre cerca de 04% e 07%, o que não representa nenhuma diferença substancial, sendo equivalente às flutuações habituais observáveis de um ano para o outro.
Em 2015, ficou assente no acordo a que aderiram os cerca de 190 membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que cinco anos depois seria o momento decisivo de cada país subir a parada do que estaria disposto a fazer para concretizar o acordo.
Com um ano de "bónus" conferido pela crise pandémica, a expectativa para o que a diplomacia britânica será capaz de conseguir, num contexto marcado também pela saída do Reino Unido da União Europeia no início deste ano, é ainda maior.
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