Num apelo à nação, Steinmeier instou a sociedade a agir "de acordo" com as regras para conter a disseminação do coronavírus, um dia depois de o Governo central e os 16 Estados federados terem concordado com um "confinamento rígido" a partir de quarta-feira.
"Os nossos esforços até agora não foram suficientes. Temos de agir em conformidade. Isto aplica-se à classe política de todos os níveis administrativos, mas também ao nível pessoal. Todos devem perguntar-se o que mais podem fazer para se proteger a si e aos outros, especialmente os mais vulneráveis", defendeu.
O Presidente alemão, que tem uma posição eminentemente formal, mas com elevado perfil moral, garantiu que a situação é "gravíssima" e que nem o Natal nem o Ano Novo poderão ser festejados "como se pensava" devido às restrições sem precedentes na história do país.
"Depende de nós e sabemos o que fazer", disse Steinmeier, que pediu "responsabilidade a cada um" para reduzir o número de infeções e mantê-lo em níveis que o sistema de saúde possa suportar.
"Só o conseguiremos fazer se limitarmos radicalmente os contactos (interpessoais). Temos de fazer isso de forma rápida e abrangente. O nosso sistema de saúde não pode entrar em colapso", disse o Presidente alemão.
"A pandemia não nos vai roubar o futuro. Vamos superar a pandemia", concluiu.
O "duro confinamento" acordado no domingo obriga ao encerramento de lojas e escolas não essenciais a partir de quarta-feira e até 10 de janeiro, que se juntam às instalações de lazer, cultura e gastronomia, que fecharam atividade em novembro.
As reuniões continuarão a ser limitadas a cinco pessoas de duas casas (sem contar os menores de 14 anos), embora as condições sejam ligeiramente relaxadas entre 24 e 26 de dezembro para permitir reuniões familiares (embora não na véspera de Ano Novo, Ano Novo e Dia de Reis).
Para o 'reveillon' e o Ano Novo, será decretada a "proibição de reuniões" a nível nacional em espaços públicos e será proibida a venda e o uso de produtos pirotécnicos, que costumam ser tradição nessa época.
A Alemanha registou 16.362 novas infeções por covid-19 nas últimas 24 horas e 188 mortes, segundo o Instituto Robert Koch (RKI), um importante centro epidemiológico.
O número de infeções é significativamente menor do que nos últimos três dias, quando novos máximos foram atingidos, mas maior em 4.000 pessoas do que na segunda-feira passada (esta comparação é relevante porque são realizados menos testes no fim de semana e nem todos os casos entram para fins estatísticos).
Na sexta-feira, 29.875 novos casos e 598 mortes foram notificados, o maior número de casos de pandemia em ambas as categorias. No sábado, foram 28.438 novos casos e 496 óbitos e, no domingo, 20.200 casos e 321 mortes.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.605.583 mortos resultantes de mais de 71,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.