O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse numa conferência de imprensa que a população tem que entender que os contactos na esfera privada devem ser reduzidos ao máximo depois de se saber que nas últimas 24 horas foram registadas mais 33.777 infeções pelo novo coronavírus e ainda 813 mortes no país.
"Não faz sentido apenas encerrar escolas se não aplicarmos quaisquer restrições aos contactos privados", disse Spahn, reconhecendo que os limites na esfera privada são "difíceis".
Questionado sobre o aumento de casos e mortes, Spahn não quis dizer quem era o responsável pelo facto de a Alemanha ter registado nas últimas semanas um aumento constante nos casos de covid-19, enquanto na primeira onda da pandemia o país foi dado como exemplo de gestão da situação.
No entanto, Spahn afirmou que "não há dúvida de que a situação no verão foi diferente e que uma maior redução dos contactos teria feito a diferença".
Spahn, na conferência de imprensa, explicou as prioridades na distribuição das vacinas, que está prevista para começar em 27 de dezembro e será administrada primeiro às pessoas que estão em lares, aos funcionários destes lares e, principalmente, à população com mais 80 anos.
O ministro lembrou que "uma em cada duas mortes" durante a pandemia na Alemanha tinha mais de 80 anos, pelo que é prioritário proteger esta faixa da população.
Jens Spahn disse que o decreto assinado hoje sobre a distribuição de vacinas indica que "todos aqueles que estão em lares ou trabalham nestes podem-na solicitar.
"Não há vacinas suficientes, então temos que priorizar, quem tiver mais de oitenta anos será vacinado primeiro. É uma questão de solidariedade", declarou.
Spahn acrescentou que a primeira fase da campanha de vacinação durará "de um a dois meses". Nessa fase inicial, serão distribuídas inicialmente entre 11 e 13 milhões de vacinas, para uma população de cerca de 83 milhões de alemães.
Logo depois disso, outros grupos considerados prioritários poderão ser vacinados, incluindo equipas médicas que trabalham em cuidados intensivos.
Outros, incluindo polícias e professores, só receberão a vacina depois.
"O inverno será longo, teremos que conviver mais com esse vírus, mas haverá mais vacinas. Gostaria de pedir a todos que enfrentem essa situação com cautela", declarou o ministro alemão.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.649.927 mortos resultantes de mais de 74,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
O porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel, Steffen Seibert, disse também que "janeiro e fevereiro continuarão a ser meses muito difíceis, também com mortes".
Segundo Seibert, os atuais números das infeções são "muito elevados" e não se pode contar que a "previsível aprovação da vacina" a nível europeu - na próxima semana - vá "resolver todos os problemas" relacionados com a pandemia do SARS-CoV-2.
O porta-voz da chanceler também considerou que se restrições mais severas tivessem sido implementadas "quatro semanas antes", "a situação atual provavelmente teria sido evitada".
Na altura, as propostas da chanceler, a favor do endurecimento das medidas, não contavam com o apoio dos governos regionais - que são responsáveis pela sua implementação -, e o consenso necessário só foi alcançado agora.
Na quarta-feira, novas medidas mais restritivas entraram em vigor na Alemanha, que vão durar até 10 de janeiro, e que incluem o fechamento do comércio não essencial e escolas, que se somam a outras medidas que estão em vigor desde o início de novembro nos setores de lazer, desporto, cultura e restauração.
O limite de cinco pessoas de duas casas diferentes é mantido em reuniões privadas - o que não inclui os menores de 14 anos no cálculo - e no Natal, entre 24 e 26 de dezembro, as reuniões podem ser estendidas para mais quatro pessoas, também de diferentes casas.
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