ONU estima que subnutrição grave afete 7,2 milhões no Sudão do Sul

Pelo menos 7,2 milhões de sul-sudaneses irão sofrer de subnutrição grave até meados de 2021, quase 60% da população, estima um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Governo do Sudão do Sul.

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Lusa
18/12/2020 19:25 ‧ 18/12/2020 por Lusa

Mundo

Sudão do Sul

Cerca de 1,4 milhões de crianças do Sudão do Sul, país devastado por décadas de conflito, sofrerá de subnutrição severa em 2021 e necessitará de tratamento para sobreviver, de acordo com o relatório.

"A situação da segurança alimentar e nutricional deteriorou-se", disse Isaiah Chol Aruai, presidente do Gabinete Nacional de Estatística em Juba, durante a apresentação do documento.

"Isto deve-se a bolsas de insegurança que levaram ao deslocamento de pessoas e à redução das colheitas devido a choques climáticos, como inundações e secas", bem como ao impacto da pandemia de covid-19, à crise económica, a uma invasão de gafanhotos e a uma assistência humanitária "inadequada", acrescentou.

O relatório, preparado com o apoio da ONU, baseia-se no índice IPC (Integrated Food Security Classification Framework), que inclui cinco níveis para avaliar a gravidade da situação: mínima, sob pressão, crise, emergência e fome.

A última avaliação estima que cerca de 5,8 milhões de pessoas estarão em risco de "crise" alimentar (nível 3, grande défice alimentar e subnutrição aguda) entre dezembro de 2020 e março de 2021, e prevê que este número aumente para 7,2 milhões até julho.

"Este é o número mais elevado desde que o Sudão do Sul declarou a independência, em 2011, disse a diretora adjunta do Programa Alimentar Mundial (PAM) no país, Makena Walker, acrescentando que este valor é 5% mais elevado do que no ano anterior.

Milhares de pessoas estão em risco de fome na região de Pibor (no leste), de acordo com o relatório, o que coloca algumas áreas da região no nível mais alto do índice do IPC.

O representante das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Meshack Malo, apelou às partes em conflito para que permitam o acesso humanitário a Pibor "para evitar que uma situação já terrível se transforme num verdadeiro desastre".

Aruai apelou a um rápido aumento da assistência humanitária "para salvar vidas e evitar um colapso total dos meios de subsistência" da população, particularmente nas áreas mais afetadas.

Apenas dois anos após a independência, ganha à custa de décadas de conflito sangrento com o Governo do Sudão, o Sudão do Sul mergulhou, no final de 2013, em seis anos de guerra civil da qual tem lutado para recuperar desde a formação de um governo de unidade nacional em fevereiro.

Apesar do acordo de paz alcançado, o país continua a ser afetado por numerosos e violentos conflitos étnicos.

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