França juntou-se ao crescente número de países que decidiram suspender viagens com o Reino Unido, depois de ter sido detetada uma nova estirpe do coronavírus em Inglaterra.
Após a descoberta de uma nova variante do vírus, "foi decidido suspender a partir desta noite, 20 de dezembro, à meia-noite (hora de Paris), e por um período de 48 horas, todas as viagens de pessoas, incluindo de transporte de mercadorias, rodoviário, aéreo, marítimo ou ferroviário do Reino Unido ”, anunciou fonte do governo francês em comunicado, citado pelo Le Parisien.
A decisão surge depois de Holanda, Itália, Bélgica, Alemanha, Áustria, Irlanda e Bulgária o terem tomado decisões no mesmo sentido.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convocou para hoje uma videoconferência para partilhar informações com os países da União Europeia sobre a nova estirpe de Covid-19 detetada no sul do Reino Unido.
A reunião telemática visa ainda "partilhar as medidas" tomadas pelos 27 estados-membros da UE no combate à propagação do novo coronavírus, indicaram fontes de Bruxelas à agência espanhola Efe.
O evento "envolve representantes dos estados-membros", mas "não ao nível dos dirigentes", especificaram as mesmas fontes, num dia em que os líderes de França, Alemanha e União Europeia já estiveram reunidos por via digital sobre o mesmo assunto.
O chefe de Estado da França, Emmanuel Macron, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, analisaram a nova variante do novo coronavírus, sem que tenham sido ainda anunciados resultados.
A reunião por videoconferência aconteceu algumas horas depois de Países Baixos, Bélgica, Itália e, mais tarde, Alemanha e Áustria terem decidido suspender os voos e transportes marítimos provenientes do Reino Unido, onde surgiu uma nova variante da covid-19.
Tal como Portugal, em que uma fonte do Ministério dos negócios estrangeiros disse hoje à Lusa estar a aguardar por uma posição por parte da UE, a Espanha foi mais longe, e pediu a Bruxelas uma resposta comunitária coordenada para proibir o tráfego aéreo com o Reino Unido, evitando-se uma medida "unilateral".
As autoridades britânicas alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a descoberta da nova variante do SARS-CoV-2, que acelera a sua transmissão até 70%, tendo a entidade apelado aos seus membros na Europa para "reforçarem os controlos".
Embora não haja provas de que a nova estirpe seja mais letal ou que possa ter impacto na eficácia das vacinas desenvolvidas, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi forçado a modificar os planos para os movimentos da população britânica no Natal.
Segundo os cientistas britânicos, a nova estirpe parece ser responsável pelo aumento preocupante das infeções em Londres e em vários condados do sudeste e leste da Inglaterra, tendo obrigado a confinar mais de 20 milhões de pessoas.
O Reino Unido está na lista dos 10 países mais afetados pela pandemia, ao somar mais de dois milhões de casos de infeção e 67.401 mortes.