Familiares de luso-chinês querem diplomatas portugueses no julgamento

Os familiares de um jovem luso-chinês de Hong Kong acusado de "travessia ilegal" das águas da China continental enviaram hoje uma carta a solicitar a presença de diplomatas portugueses no julgamento, na segunda-feira.

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Lusa
26/12/2020 16:22 ‧ 26/12/2020 por Lusa

Mundo

Hong Kong

 

A campanha #save12hkyouths ("salvem os 12 jovens de Hong Kong") disse hoje à Lusa que a carta aberta, em nome dos 12 manifestantes antigovernamentais de Hong Kong, foi já enviada ao Consulado-Geral de Portugal em Cantão e ao Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

O apelo da família do estudante universitário Tsz Lun Kok, detentor de passaportes português e chinês, surge após na sexta-feira ter recebido uma chamada do advogado oficioso a informar que o julgamento irá decorrer na segunda-feira num tribunal em Shenzhen, cidade chinesa adjacente a Hong Kong.

Ou seja, sublinha a campanha, os familiares não poderão assistir à sessão, devido à quarentena de 14 dias imposta a quem chega à China continental, uma medida de combate à pandemia de covid-19.

O cônsul-geral de Portugal em Cantão, André Sobral Cordeiro, disse à Lusa que o consulado não foi informado da marcação do julgamento.

Embora a China não reconheça a dupla nacionalidade, o diplomata garantiu que "as autoridades portuguesas estão a trabalhar sistematicamente com as autoridades chinesas" e com os familiares de Tsz Lun Kok.

André Cordeiro não confirmou se iria assistir ao julgamento, tendo recusado fazer mais comentários.

Em comunicado, a campanha #save12hkyouths sublinha que o Tribunal Popular de Yantian, em Shenzhen, proibiu a presença de público e de jornalistas na sessão de segunda-feira, que não será transmitida pela Internet.

A 16 de dezembro, os familiares dos 12 jovens tinham exigido que o julgamento fosse aberto ao público.

Nesse mesmo dia, a Procuradoria-Geral de Yantian, em Shenzhen, acusou formalmente oito dos 12 detidos de "travessia ilegal" das águas da China continental. Dois dos ativistas são ainda suspeitos de organizar a passagem ilegal da fronteira.

Os procuradores irão ainda decidir, numa sessão à porta fechada, se os restantes dois jovens irão ou não ser acusados, por serem menores de idade.

Os detidos, a maioria ligados aos protestos antigovernamentais do ano passado, em Hong Kong, tinham iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi intercetada, em 23 de agosto, pela guarda costeira chinesa.

Segundo familiares dos detidos, desde a detenção nenhum dos ativistas pôde contactar a família nem ter acesso a advogados mandatados pelos seus familiares.

A #save12hkyouths anunciou em 19 de novembro que familiares de sete dos detidos receberam cartas alegadamente escritas pelos ativistas. Na altura a campanha confirmou à Lusa que a família de Tsz Lun Kok não tinha recebido qualquer mensagem do jovem.

O jovem tinha já sido detido em 18 de novembro de 2019 em Hong Kong, e mais tarde libertado, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica daquele território, sendo acusado de motim, por ter alegadamente participado numa manobra para desviar as atenções das forças de segurança com o objetivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior.

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