Numa decisão inédita em Espanha, um juiz decidiu que uma idosa incapacitada fosse vacinada mesmo contra a vontade da sua filha. O tribunal da Guarda de Santiago de Compostela, decidiu no passado sábado, que a mulher residente num lar de terceira idade seja imunizada com a vacina da Pfizer/BioNTech, pois concluiu que a sua saúde é mais importante do que a opinião contrária da sua filha, a familiar encarregue das decisões da idosa.
"É urgente vacinar uma mulher idosa durante uma pandemia? Os números de contágio indicam que sim, é notório que há um elevado número de mortes e a imunização é urgente. Poucas coisas são mais urgentes do que salvar uma vida. O caso chegou-me na sexta-feira e a vacinação era no domingo. Era provável que perdesse o comboio", comentou o juiz Javier Fraga sobre a urgência da sua decisão.
A vacinação acabou por ser adiada e a mulher espera agora receber a sua primeira dose.
"É verdade que vacinar pode acarretar riscos, mas não o fazer também. O risco vital é muito significativo, trata-se de balançar os riscos e optar pelo mal menor, que no caso de uma pessoa de 84 anos significa ser vacinada", referiu ainda o juiz. Sobre uma segunda dose, o magistrado refere que só dará indicação contrária caso haja uma reação adversa, a idosa recupere as suas plenas capacidades ou que exames médicos posteriores desaconselhem a administração da vacina.
Caso a família decida retirar a mulher da residência terão de a levar de volta para tomar a primeira dose e novamente 21 dias depois para a segunda.
Apesar de a vacinação ser voluntária, decisões semelhantes deverão ser tomadas noutras regiões, tendo em conta que várias residências de idosos, conta o El País, têm tentado apelar aos magistrados para que os utentes sejam vacinados apesar da oposição das famílias. O Ministério Público de Sevilha já avançou com o seu apoio a dois centros de idosos e o de Valência está a estudar os casos antes de os levar a tribunal.
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