De acordo com os dados do relatório de tráfego de dezembro da Enapor, empresa pública cabo-verdiana responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, foram movimentados no último mês de 2020 mais 30,6% de passageiros, face a novembro.
Apesar de recuperar face às quebras consecutivas na variação mensal desde setembro, o registo de 74.346 passageiros em dezembro representa, contudo, menos 33,2% face ao movimento do mesmo período de 2019.
De acordo com o histórico estatístico da Enapor, de julho para agosto tinham sido movimentados mais 25.000 passageiros -- para um total de 74.919 -, crescendo então 49,4% no espaço de um mês, tráfego que no mês seguinte caiu 5,9%, para 70.580 passageiros, em outubro desceu 3,4%, para 68.298 passageiros, e em novembro caiu 16,7%, para 56.915.
Antes, desde maio, com a retoma progressiva dos transportes marítimos interilhas, após um mês e meio de suspensão, devido à pandemia de covid-19, que o tráfego de passageiros estava a crescer mensalmente.
Do total de passageiros em dezembro, 37,4% representou o movimento no Porto Grande e 31,7% no Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 8,2% do total, com um movimento que subiu para 6.084 passageiros, indica o relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.
A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago.
Ainda em dezembro, os portos de Cabo Verde movimentaram 627 escalas de navios, um aumento de 18,5% face ao mês anterior, mas ainda 12,1% menos do que no mesmo mês de 2019. Já o movimento de mercadorias aumentou 20,7% no espaço de um mês, para 204.077 toneladas, valor que fica praticamente 7% acima do movimento de dezembro de 2019.
Desde 03 de setembro que os navios que garantem as ligações marítimas interilhas em Cabo Verde podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.
As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia "respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros", o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.
Aquando da aprovação desta resolução, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia "manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19", mas também "iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima".
A administração da CV Interilhas admitiu em agosto perdas de 4,5 milhões de euros em 2020, devido à covid-19, necessitando de uma compensação financeira do Estado.
Além do período de abril a maio sem transporte de passageiros e a retoma gradual das ligações entretanto iniciada, a administração da CV Interilhas referiu anteriormente que a empresa esteve obrigada a reduzir a lotação dos navios a 50%, como medida de prevenção da doença.
O Governo cabo-verdiano já antecipou o objetivo de rever o contrato de concessão do serviço público de transporte marítimo interilhas de passageiros e mercadorias, atribuído à CV Interilhas.
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